Tuesday, December 26, 2006

Soh uma frase rapida....

Estou em Copenhaguen, arrumando as malas para ir pra Næstved, uma cidadezinha pequena aqui do lado. Amanha estaremos em Hamburgo.
Como o tempo eh escasso, deixo apenas uma frase dita por Tato, companheiro de viagem, sobre a festa de Natal que fomos convidados. Era uma festa para os mendigos de Copenhaguen. Achei que ia rolar um sopao ou coisa do tipo. Mas o esquema foi bem patrao, um dos natais mais farturentos que ja passei. Sente a pegada da festa:

"Aqui tem cerveja ateh pra derrubar um mendingo. Eu vi quando um deles comecou a pescar, caiu de cara na mesa e seu chapeu de marinheiro caiu no chao."

Alem de 40 caixas de breja pra uns 20 mendingos, ainda tinha pato com molho de chocolate, lombo de porco a pururuca, sobremesa, chocolate, presentes, fogueira. Definitivamente estamos pensando em comprar umas passagens para os mendigos brasileiros etrem pelo menos uma vez a sensacao de terem subido na vida.

I'll be back!

Ouvindo: Gilberto Gil - Back in Bahia

Saturday, December 16, 2006

Frases feitas que eu queria ouvir. E que eu queria dizer...

Bem amigos da Rede Globo....
Queria dedicar esse post pra minha mãe, pro meu pai, pra quem não acompanha esse blog muito a sério, pra quem perdeu o post sobre a viagem de Natal e especialmente pra você. Vou tentar reunir aqui um monte de frases feitas, tipo apresentação de filme da Sessão da Tarde. Um post do barulho, envolvendo uma turma que é da pesada, que vai entrar numa fria. Por falar em fria, a única coisa que me põe medo é o frio. Mas quem avisa, amigo é. E os amigos me avisaram disso. Por isso levo vários casacos, gorro, luvas e tal. Afinal de contas, não é coisa pra se economizar. Como dizem por aí, o barato sai caro e a economia é a base da porcaria. Mas vamos deixar de conversa mole e ir direto ao assunto. Aqui tento reunir algumas frases que marcaram minha vida. Música para os meus ouvidos. Coisas que realmente me fizeram crecer como pessoa e como ser humano.

Eu quero o quarto mais ralé - Assim Eddie Murphy, representando o Príncipe Akeem, dá o tom de seus objetivos ao pedir um quarto de hotel. É o pedido que marca seu estado de espírito no filme Um Príncipe em Nova York, mostrando a experiência social que está diposto a viver. Mesmo não sendo eu um príncipe, esse é meu espírito. Quero o quarto, o bar, a carona, as pessoas, tudo, tudo mesmo o mais ralé possível. Se é que há ralé nos países nórdicos.

Could you roll me one of these, cowboy? - Mia Wallacce pede gentilmente a Vincent Vega que ele enrole um cigarro para ela. Pulp Ficition rules. Mesmo não sendo eu um cowboy, quero muito ouvir uma mulher tão foda quanto Mia Wallace fazendo-me um pedido desses. E é lógico que eu enrolaria um desses pra você, garota.

Show me the money!!! - Cuba Goodin Jr, no papel de Rod Tidwell. Que atire a primeira pedra quem não rachou o bico enquanto ele fazia Jerry Maguire repetir essa frase ao telefone. Impagável, ilário e etc. Essa a a frase que eu não quero ouvir, só quero dizer.

Quem quer dinheiro? - Senor Abravanel, Silvio Santos para os menos íntimos. Sonho com o seu "sorriso claro e franco para um filme de terror" caminhando pela Dinamarca, declamando em alto e bom som o bordão que eternizou o clássico Topa Tudo por Dinheiro. Como diriam Racionais MC´s, "mulher e dinheiro, dinheiro e mulher, quanto mais você tem, quanto mais você quer". Não que eu tenha muito dessas coisas, mas quem tudo quer, tudo pode.

Hi, my name is Johnny Knoxville and this is Jackass - Acompanhado da tardicional trilha sonora. Mas na hora da frase eu digo meu próprio nome. Essa é pra quando eu ver a neve pela primeira vez. Sai da frente, bolas de neve irão ser arremessadas para todos os lados. Salve-se quem puder.

Hummmm, forte! - Fumes, companheiro de mendigagem de Mel Brooks no filme Life Stinks (Que Droga de Vida), logo após experimentar seu cozido devidamente aditivado com whisky. Essa frase é pra dizer ao experimentar as bebidas nórdicas. E os cozidos, sopas e qualquer outra coisa que precisar de um combustível a mais. Afinal de contas, já disse lá em cima, estamos entrando numa fria.

You talking to me? You talking to me? - Robert de Niro interpreta Travis, o taxi driver. Um dos melhores personagens e interpretações do mundo que lançou a imortal frase citada. Mas eu não falarei para o espelho. Essa farse é ótima para falar quando fizer qualquer cagada e estiver próximo a levar qualquer dura. Seguindo o ditado "nunca seja esperto, sempre se faça de bobo", perguntarei vezes seguidas: "Are you talking to me?"

Houston, we have a problem - Essa eu quero não precisar dizer nunca. Tomara que nada de mal aconteça ao ponto de ter que falar isso. Mas quando tiver sujado mesmo, estivermos no fundo do poço, não virmos a luz no fim do túnel e nem uma ponta de esperança, terei de dizer, torcendo para que alguém me ouça. Que não sejamos nenhuma Apolo 13 e que consigamos atingir nossos objetivos.

Por enquanto é só, pessoal. Ficamos assim? Já ouvi muitas vezes pra ter juízo e tudo mais, mas se conselho fosse bom, não era de graça. Amanhã (18/12) embarco para Madri. No dia a seguir, Suécia. Depois Dinamarca, Alemanha, Bélgica........................................................................................ God help us so!

Ouvindo: AC/DC - Can I sit next to you, girl?

Sunday, December 03, 2006

O jardineiro é jesus e as árveres somos nozes; uma breve história sobre o homem que desaprendeu a falar

Passeando certo dia pelo youtube e vi o vídeo sobre um homem que supostamente está em uma sessão de fonoaudiologia. A fonoaudióloga fala a seguinte frase e pede para que o paciente repita: "o jardineiro é jesus e as árvores somos nós". Parece simples, pois não? Vi o vídeo e me lembrei do Julão, um amigo meu que de repente desaprendeu a falar...

Acordou cedo como nunca tinha acordado. Foi ao banheiro, escovou os dentes rapidamente, só pra tirar o quente da boca, tirou as remelas, molhou o cabelo, bebeu uma água da torneira. Bateu uma vontade repentina de cagar, sentou no vaso, puxou uma revista e começou a tarefa inesperada. Enquanto lia sobre amenidades esperando seus momentos de rei chegarem ao fim, seus pensamentos se perdiam imaginando o almoço de domingo. Tradicional como deve ser, com toda a família. Mãe, pai, irmãs, vó, tio, tias gordas, primas chatas e a gostosa da segunda mulher do Quincas, seu tio mais novo. Quem mandou seu pai ter a maior casa da família? Quem mandou ele ser mão aberta e sempre bancar os almoços de família? Julão queria mesmo era ressacar na cama, ficar rolando até as 16h, sonhando meio acordado com as biscates que vira na noite anterior. Fim da tarefa, era hora de encarar a mãe, que sempre ficava uma pilha algumas horas antes desses eventos. Dona Lourdes vê o estado do filho, seus olhos esbugalhados, o cheiro de álcool e tudo mais que se nota em um boêmio, como ele gostaria de ser encarado.

-Que cara, hein Ju... Tava onde até agora?
-Tava na puta que o pariu!

Imaginem a cara da sua mãe se você responder uma coisa dessas pra ela. Agora imagina a cara da Dona Lourdes. Imaginou? Agora coloca um par de óculos de aro colorido, em forma de semicírculo, daqueles que viraram moda nos anos 90. Cara feia, né? Mas pior mesmo era a cara de Julão. Não era aquilo que ele queria falar. Queria responder simplesmente que "tava por aí, na balada" ou qualquer coisa do tipo. Mas não, saiu aquilo mesmo.

-O que é isso, moleque, tá louco é?
-Louco é o caralho, sua velha!

"De novo? Por que eu falei assim de novo? eu queria pedir desculpa. O que se passa comigo? Tem alguém aí dentro?", pensava ele com os olhos virados pra cima... Julão não conseguia falar o que ele queria, tudo saía da sua boca de um jeito estranho. Por mais que tentasse controlar, só conseguia falar coisas que vinham de impulso. Tinha perdido as rédeas, não estava mais apto para o convívio social. O que fazer com os parentes? O que ele ia falar quando a tia dizesse aquele famoso "você cresceu, hein Ju!" "É que a senhora ainda não viu meu pinto, sua puta!" Não, não podia falar aquilo. Tinha que ficar quieto, esconder-se embaixo da mesa, sei lá. Bico calado e na segunda-feira pela manhã acharia um médico que o curasse dessa coisa horrível. Deixou a mãe falando sozinha e correu pro quarto.

E foi todo mundo chegando. Chegou o tio César, com suas duas filhas chatas e sua esposa maquiada. Tio Roberto, solteirão e viciado em baralho. Tia Marina, 208 quilos balanceados entre gordura e chatice. Vovó e vovô, ambos fazendo hora extra na Terra. Tio Mário, advogado bem sucedido, com mulher, filhos e uma caixa de Viagra por semana. Julão tinha a vantagem de conhecer cada entrada e saída dos cômodos de sua casa e aproveitava para esgueirar-se pelos corredores evitando ao máximo qualquer encontro com os familiares. Comia o tempo todo para manter a boca suficientemente cheia pra qualquer um achar falta de educação se ele a abrisse. Somente meneava a cabeça, ora pra cima e pra baixo, ora prum lado e pro outro.

Tio Roberto foi o primeiro a conseguir interceptá-lo. Bonachão, de barba e bigodes grisalhos, daqueles tipos que fumam sem tirar o cigarro da boca:
- E aí, Ju? Tudo em cima?
(sinal de positivo com a cabeça)
- E como tão as mina, tá comendo alguém ou ainda não estreou a ferramenta?
(sinal de positivo com a cabeça)
- Tá comendo?
(sinal de positivo com a cabeça)

Julão conseguiu livrar-se do tio com alguma dificuldade depois de responder positivamente com a cabeça todas as perguntas que Roberto fazia, invariavelmente sobre a vida sexual do sobrinho. Continuava a andar pela casa, sempre enchendo a boca de queijo, salame e guaraná. Passou pelos mesmos apertos com suas tias, primas e avós. Mas conseguiu escapar de todos com a tática adotada. Só faltava uma pessoa pra enganar, Lucinha. Não era sua tia, pelo menos era isso que Julão achava. "Pra ser minha tia tem que ser irmã do meu pai ou da minha mãe..." Gostosa. Se fosse pra resumir em uma palavra, Julão diria que ela era uma gostosa. Peitão, bundão, pernão, cabelão, tudo ão. Sempre nutrira uma tara pela segunda mulher de seu tio. Várias horas trancado pensando nela, já tinha estado na cama com ela em todas as posições do kama sutra, em todos os continentes, vestida com todas as roupas. Pena que a imaginação logo ia embora quando Dona Lourdes começava a esmurrar a porta do banheiro.

Emcontrou-a na varanda que ficava nos fundos da casa. Ela estava fumando seu Charm escondida dos sogros, que abominavam tal vício. "Caralho, justo aqui tinha que ter alguém?" Julão tremia enquanto admirava seu vestido florido de tecido leve com tons castanhos. Tremia ao olhar suas pernas, seus lábios carnudos envolvendo aquele longo cigarro. Lucinha logo viu Julão e se assustou, colocando o cigarro atrás das costas e segurando a tragada até o último fôlego, mesmo sabendo que o "sobrinho" já tinha visto a "tia" fumando.

- Não conta pro vovô não, tá Ju?
(sinal de negativo com a cabeça)
- Você sabe como eles iam ficar furiosos, né?
(sinal de positivo com a cabeça)
- Se você prometer que não conta, eu te dou o que você quiser, pode ser?
(sinal de positivo com a cabeça)
- Então você não conta mesmo, jura?
(sinal de positivo com a cabeça)
- E o que você quer ganhar então?

Do alto de seus 19 anos, Julão suava, tremia e tentava tapar sua boca. E foi ali que seu plano acabou. Esqueceu-se que tinha desaprendido a falar. Respondeu o que veio em sua cabeça, vomitou a primeira frase que apareceu. Naquele dia várias coisas mudaram em sua família. Tio Quincas ganhara mais uma vez a fama de ser o maior corno do bairro. Julão ganhou o presente que pediu ali no dia, na hora, em pé, apoiados na cerca da varanda. Não foi ao médico na segunda-feira. Na última vez que o vi, soube, em meio a palavrões e coisas desconexas, que meu amigo estava trabalhando como roteirista nos livros de piada do Ari Toledo. Tempos e tempos depois, soube que ele procurou tratamento, que era mais ou menos assim, repete comigo:
"O jardineiro é jesus e as árvores somos nós."

Ouvindo: Raul Seixas - Quando acabar o maluco sou eu

Saturday, December 02, 2006

Mulheres vulgares; uma (ou duas) noite e nada mais

- Mardito coração...
- Por que, véio?
- Mardito coração, é só isso mesmo...

Ela não era o tipo que admirava desde sempre. Ela era diferente, loira, de cabelos lisos, barriga chapada, durinha. Sempre de blusinhas curtas, aquele pecado sempre à mostra. De sorriso fácil, voz doce e sotaque do sul. Fugindo ao seu padrão de gosto, mas um legítimo coração.

- Que que ela te disse?
- Que é melhor sermos amigos. Que temos uma "amizade muito especial".
- Amigo de que caraio?
- Sei lá também...

Ela era diferente. Não era igual aquela outra atendente de bar que ele também admirava. Aquela sim era seu tipo, loirinha, com cabelos encaracolados. Aliás, cabelos encaracolados era e sempre foi o que disparava seu coração. Certa vez no colégio, sentou-se atrás de uma garota só para sentir o toque de seu cabelo em seu braço, que ficava estrategicamente encostado na carteira da menina de cabelos encaracolados. Além disso, a atendente era carnuda, de seios tamanho 46, realmento do jeito que o capeta gosta.

- Mas como assim, amigos?
- Sei lá, véio, ela veio com esse papinho.
- Puta gorpinho véio...
- Foda-se...

A conquista tinah acontecido naturalmente. Dançando juntos, olhando para os olhos, mas não um olhar simples, ele usava um olhar profundo, daqueles que passam pela pupila, viajam pelo cérebro e chegam até a nuca da garota. Hipnotizante, diriam alguns. Qualquer coisa, diriam outros. Daí pro arm lock foi só mais um passinho.

- Mas você caiu no gorpinho?
- Caí nada, mas fazer o que?
- Essas mina são um cu mesmo...

Voltou ao bar para vê-la mais uma vez. Ela disse oi com um sorriso no rosto. Um misto de amizade com desejo. Seus olhos não mentiam, mas sua boca insistia em me dizer que tínhamos uma amizade muito especial. Encostou-se com as costas no balcão e ficou observando a menina com o canto do olho. Discretamente ela rebolava ao som de Manu Chao.

- Eu também acho que são meio cu, mas fazer o que?
- É, fazer o que, mano?

Era hora de ir embora. Balada cu, vazia pá caraio. Só um pouco de cerveja para abotoar o pijaminha. Era hora. Hora de dizer tchau. Caminhou até o balcão e disse tchau, logo abaixando os olhos. Ouviu outro tchau de resposta, seguido do estalo de um beijo mandado pelo (ou para) o ar. Caminhava pela rua fria pensando quem seria o felizardo a ser atingido por aquele beijo.

- Mardito coração!
- Pois é...

*Coração: termo utilizado entre amigos para designar garotas especiais. Envolve a beleza em seu aspecto global

Ouvindo: Titãs - Televisão

Friday, December 01, 2006

Mais links pros chegados....

Esse link é do trampo de um brother meu, o famoso Dudu da Madalena... É um doc que ele e uns amigos fizeram. Eu não sei muito mais sobre o filme, ainda não assisti, mas confio no cara e recomendo para todos. O nome da obra é "Samba à Paulista" e pode ser visto no http://www.sambaapaulista.blogspot.com/ .

Por enquanto é isso...

Ouvindo: Racionais MC´s - Mulheres Vulgares

Monday, November 27, 2006

Resoluções para o ano novo...

Como é difícil falar sobre a visita que recebi aqui em Braga. Aliás, foram duas visitas: Cróvis e Tato, dois dos melhores amigos do mundo. Juntando com o Dé, meu companheiro de quarto, tava formado um quarteto infernal. Juntem-se as irmãs B. Passos e os Tropicanos, com destaque para Doca e Maneco e imaginem a confusão que ficou minha cabeça ao ponto de não conseguir escrever um texto que resumisse a passagem dos meninos por terras portuguesas.

O melhor de tudo é que decidimos o que vamos fazer no nosso ano novo. No dia 19 de dezembro partimos rumo à Dinamarca. País bonito, legal e frio. O pequeno detalhe é que essa viagem foi acertada e é tão atraente por um motivo especial. Tudo será feito ao melhor estilo mendigo: queremos pedir tudo o que for possível, bater de porta em porta pra pedir comida, beber os restos dos copos nos bares, comer pão com manteiga e dizer que aquilo é o almoço e, se possível, conseguir um abrigo quente para a noite.

Dividimos o quarteto em funções: Tato pede comida de porta em porta. Ele mostrou como é capaz de fazer cara de cachorro pidão e foi logo o escolhido para a nobre tarefa. Dé é o responsável por levantar uma grana fazendo malabarismo na rua. Logo ele vai construir suas claves e treinar um pouco. Cróvis é o responsável por arranjar estadia, ou seja, mulheres para passarmos a noite juntos. Quem conhece o menino e o infalível migué em torno do seu nome/apelido sabe que as chances são altas. Eu sempre me dou bem com balconistas e garçonetes, fui escolhido como responsável por arranjar a bebida.

Será que vai dar certo? Será que podemos contar com o espírito natalino dos dinamarqueses em nossa empreitada? Será que cada um terá o sucesso esperado em sua função? Bem isso não sei e acho que nem é muito bom especular-se sobre. Ligaremos o botão do foda-se e praticaremos o desapego ao longo de nossa jornada. A compania é boa e sei muito bem que, mesmo quando atingirmos o fundo da merda do poço, algum dos quatro vai ter uma piada para levantar o moral das nossas tropas. Como diria Jorge, amigo de um grande amigo meu, temos três objetivos: não ser preso, não morrer e não dar o cu.

Boa sorte para todos nós e que alguém nos proteja.

Ouvindo: Gilberto Gil Expresso 2222

Friday, November 24, 2006

Só uns links pros amigos....

Esse é um documentário que eu ajudei a fazer, uma disciplina de meu curso. O belo nome que escolhemos foi "De Passagem - 24 horas no Largo da Batata".
Pra quem ainda não comprou uma cópia, que está à venda em todas as lojas, rola dar uma assistida no youtube. O baguio tá dividido em 6 partes:
Parte 1: http://youtube.com/watch?v=PD8J1mJI23k
Parte 2: http://youtube.com/watch?v=HXwvmn72nr0
Parte 3: http://youtube.com/watch?v=oZLVFB2uzEU
Parte 4: http://youtube.com/watch?v=mZcGEyrpFKU
Parte 5: http://youtube.com/watch?v=vtQJ_QXEN6o
Parte 6: http://youtube.com/watch?v=HPNqSd4UhZU

Vale?

Ouvindo: Nada.

Wednesday, November 22, 2006

Mau humor

Se eu pudesse eu matava mil. E mato até o delegado se ele for abusivo.

Pois é, pra quem me conhece, sabe que isso é raro. Por mais fodidas que estejam as coisas, eu quase nunca fico mau humorado. Sempre sorrio e fico bem animado logo que saio da cama, dizem que tenho um ânimo fora do comum ao acordar. Mas hoje não. Acordei com a pá virada. Com vontade de partir tudo. Sem sorriso no rosto. saí do quarto com o short de dormir. Não fiz questão de tirar os fiapos de coberta da barba nem do cabelo. Não tenho vontade de falar com ninguém. Quem me conhece sabe a minha capacidade pra ficar emburrado. Quem me conhece deveria me evitar hoje.

E nada como um dia de mau humor para criar a primeira regra pra esse blog. Nada de posts bêbados. Das próximas vezes que eu chegar bêbado em casa, prometo que tentarei esquecer a senha dessa merda.

Desculpem-me. Daqui a pouco passa.

Ouvindo: Ratos de Porão - Rebosteio

Losers go home

No JUCA 2002 saí com uma cueca samba canção azul escura com o Homer desenhado em toda ela. Ao chegar no pátio do alojamento, Lulo logo pergunta o que estou fazendo com a "sua" cueca. Afrimo que não era a cueca dele e, depois de muita discussão, ele vai pro quarto dele e volta vestido com uma cueca igual. Que ele me dê licença, mas depois de tamanha coincidência, acho que posso chamá-lo de amigo. E como amigo, nunca me esquecerei de uma bela frase. Certa vez, quando achei que estava me dando bem, ele disse:

-Losers go home!

That´s where I am now. Quando achei que tinha virado o rei da cocadapreta, a frase me caiu como qualquer coisa....

Ouvindo: Bezerra da Silva - Malandro é Malandro e Mané é Mané

Wednesday, November 15, 2006

Sobre os momentos mágicos

O Mercado do Bolhão, assim como outros mercados públicos, mostra claros sinais de decadência. Poucos clientes, pouca variedade de podutos, reformas mal começadas e mal acabadas, pombos, silêncio. Tudo programa minha cabeça para que eu acredite que aquele é um local condenado, que quase não mais respira, vivendo com a ajuda de alguns turistas que por ali passam, mas que logo saem à medida em que falta o que fazer, ver e olhar. Estranhas vibrações passam pelo meu corpo, o cheiro de flores sendo vendidas, vendidas não, cuidadas, viradas, regadas e acariciadas por mãos de senhoras idosas que fazem de tudo com as margaridas, gérberos e rosas só pra passar o tempo, lembrando da época em que éramos galantes e comprávamos flores para quem amávamos. Parece que o cheiro hoje só me traz a idéia do funeral que aquele mercado abraiga e do qual é o próprio velado. O defunto está silencioso e suas víuvas fazem de tudo para que os coveiros não sintam o cheiro de quem já passou da hora de ser enterrado. Elas não choram, apenas murmuram aos passantes um pouco de caridade para o morto, que lhe compremos uma flor. O coração do mercado está parado, marcado por uma fonte que não mais jorra a água límpida de tempos em que éramos inocentes, que nos encantávamos com o som da água caindo na fonte, com os pássaros que lá bebiam e se banhavam. Hoje só conseguimos amaldiçoar os pombos, não há mais tempo para apreciar qualquer coisa. E foi aí que o tempo parou. Parou mesmo, tal qual quando apertamos o pause no vídeo ou no videogame. Uma criança, que ainda aprendia a andar brincava ao redor da fonte, enquanto algumas garotas tentavam com que ele fizesse alguma pose para uma fotografia, mas parece que a pose tinha que ser bem específica, presumo eu. Uma das garotas chamava a atenção do míudo, que corria em sua direção com seu brinquedo à mão. O modelo não correspondia às expectativas das fotógrafas. O menino corre mais uma vez em direção à garota. Seu brinquedo cai ao chão. Sorrindo, ele abaixa-se para pegá-lo. Sorrindo, ele caiu de bunda no chão. Sorrindo, ele pega seu brinquedo e faz algo que é bem mais que um sorriso, a boca inteira aberta, os olhos apertados. Sorrindo, ele se levanta e segue andando. A foto não foi tirada, não se ouviu o clic. Não era a pose esperada. O momento mágico estava perdido. Foi aí que o tempo voltou a andar de novo e o Mercado do Bolhão envelheceu ainda mais.

Ouvindo: Pixinguinha - Três Estrelinhas

Sunday, November 12, 2006

Hoje vai ter uma festa*

Fala, meu querido!

É, mano...até que enfim chegou a sua data tão esperada!...24 anos, e, literalmente, na "flor" da idade (uó!) ...hehe

Então, fei...passei um bom tempo depois da aula pensando no que te escrever. Nesse tempo senti a saudade à flor da pele, a garganta travada e uma vontade de te ver pessoalmente pra poder te dar um parabéim decente. Mas hoje não é dia de falar em coisas que poderiam te deixar pra baixo, então apenas mando boas notícias como um singelo presente.

A primeira é do nosso glorioso São Paulo, que meteu 2 gols no Botafogo ontem, e tá com a mão na taça do Brasileiro, rumo ao tetra!...dá-lhe Tricolor!

A segunda é do sucesso do tão esperado documentário de vocês, exibido numa edição especial da TCF aqui na ECA, e aplaudido pelos presentes...parabéns, feio...ficou animal!

A terceira é de mais uma prata do Basquete no BIFE, essa tal balada muito loca em que alguns se aventuram à prática de esportes...e, pelos desfalques do time, até que conseguimos ir bem.

Mas parece que o time encontrou sua verdadeira cara, um bixo de Cênicas que eu achei pra treinar, que jogou no Pinheiros, frito, chamado Miguel...e de sobrenome Prata. Coincidência!?...rs...Fim das notícias-presente...

Fora esses presentes, só quero te desejar muitas felicidades. Sei que é o que todo mundo deseja, uns com mais afinco, outros com menos. Mas, entre os que desejam, nem todos - ou apenas um - são como eu: alguém que sempe agradece, a quem quer que seja, por ser irmão do maluco mais sangue bom do mundo, literalmente.

No Brasil, na Europa, na Ásia, ou até na Eustralásia, leve com você a certeza de que aqui sempre estará um cara que tem um carinho enorme por você. Essa história é manjada, mas às vezes realmente faltam palavras pra demonstrar alguns sentimentos...e é exatamente essa sensação que eu tenho agora.

E eu sei que você sabe o que eu queria dizer...e sabe o quanto é foda tentar fazer isso...Mas a gente tenta, mesmo que em vão.

Bom...se cuida, aí, meu querido...que hoje eu comemoro aqui por você, da mesma maneira que eu gostaria que fosse se você estivesse aqui!...

Amo você, cara!

Um abraço transatlântico,

Gustavo "Bigodinho" ("irmão, parceiro, amigo, relações-públicas, atleticano, pintor e são-paulino"...rs...ê Largo da Batata!)

*E-mail enviado pelo irmão de Bigode, publicado autoritariamente sem o seu consentimento. No dia 10 de novembro, Bigode comemorou seus duzentos e muitos anos. Recebeu uma linda visita e uma camisa do FC Porto de presente. Jantou com os amigos, viu a volta triunfal de Reinaldo a terras portuguesas e espera ansiosamente pelo aniversário de sua mãe, que no dia 12 completa exatos 432 anos.

Ouvindo: Happy Birthday, Mr Burns - Ramones

Tuesday, October 31, 2006

O trabalho emputece o homem

Já morei na Realindo Jacinto Mendonça, na Plácido Sarti, na Jordão Borghetti, na outra rua que nem por Deus eu consigo lembrar o nome, na Alameda Santos e, hoje, moro na Carlos Lloyd Braga. Já na Nacim Anis Mimessi eu fui só visita, mas nunca, nunca mesmo, tinha sido vendedor de cachorro quente. E agora sou. Tomo conta de um carrinho que transita por três pontos de Braga: Sabão Rosa, uma balada de muleque preibói, Populum, uma balada de adulto preibói e perto do estádio municipal, ambiente propício para as gravações de Velozes e Furiosos III.

O que eu lhes pergunto é: o que você faria por 120 reais por noite? Aguentaria um patrão chato, de vocabulário reduzido a palavras como foda-se, caralho e outros palavrões? Aguentaria um cara que não sabe pedir schisfaivavoire nem ao menos uma vez na vida? Aguentaria ouvir todas as frases que são dirigidas a você no modo imperativo? Aguentaria bêbados chatos a perguntar cadê o cardápio? Eu aguento. Quero que se foda, em dois dias de trampo pago meu aluguel.

A única coisa que me fode a cabeça é que o tempo não passa. Por mais movimento que haja, o intervalo entre as 22h30 e as 6h parece infinito pra mim. Enrolo mais um cigarro, como um cachorro quente feito bymyself (e é lógico que eu não ponho todos aqueles ingredientes nojentos que sirvo ao público), pergunto as horas, ganho uma ou outra garrafa de água que alguém oferece, por ser proibido entrar na balada com elas.

Mas quando o tempo insiste em não passar, saio debaixo do guardaçól e olho para o céu. Diferentemente do que tinham me dito, que o céu por esses lados abrigava diferentes estrelas, logo identifico o Cruzeiro do Sul e sei pra que lado ir, sei onde é minha casa, onde estão todos que hão de me receber bem. E olho mais um pouco para o céu, lembro-me de noites inesquecíveis, e por serem inesquecíveis que me lembro delas. Noites passadas a olhar para o céu, sendo ensinado, com o foco de uma lanterna, onde se encontra a constelação de Escorpião. Quem são as Três Marias. Mas me perco nos astros a procurar em vão sete(?) estrelinhas alinhadas na vertical, a maior em cima e a menorzinha, que quase não conseguia ver, no final da linha. Não acho. Desconfio que você as tenha roubado do céu e as tatuado em sua pele, deixando-me para sempre a ver estrelas, procurando por ti em algum lugar perdido do céu.

E você, o que faria por 120 reais por noite? Conta pra mim nos comentários...

Ouvindo: Racionais MC´s - Eu Sou 157
"Um é japoneis, o Kazu
Fica ali vendendo dog, talão Zona Azul
Cê compra um dog dele e fica ali no bolinho
Ele tem só um canela seca no carrinho"

Monday, October 23, 2006

O desconhecido viajante sem nome

São sete e meia da manhã e o sol insiste em continuar escondido no horizonte. Pela janela do comboio, algumas luzes de cidades desconhecidas confundem-se com o reflexo do interior do trem, continuando a esconder os mistérios que este país reservam ao desconhecido viajante. Viaja em direção à Espanha e ao encanto de suas mulheres, suas paisagens e seu idioma. Logo chega à sua primeira parada, puto da vida, mas sem nunca xingar em vão. Diferentemente do que o homem da estação o tinha dito, seu trem só partiria de Nine uma hora depois do previsto. òtima hora para conhecer um café tipicamente provinciano, o cheiro de umidade das constuções antigas toma conta do ambiente, enquanto velhinhos de 250 anos xingam palavrões que nem mesmo o mais sem noção dos moleques de rua teria coragem de dizer em público:
-Essa autoestrada vai ter portagem? Foooooooooooda-se!

Um café mais amargo que o normal e de volta à estação à espera do trem que o levaria a Vigo. Logo na plataforma, troca olhares com um gringo com cara de panaca. E como panaca se reconhece à distância, logo os dois estão trocando idéias. Gianlucca viajava à Santiago de Compostela, onde pegaria o avião para Roma. Estava à espera de um amigo, que havia falhado a hora do encontro em Braga. Conversava em português, mas, à primeira dificuldade encontrada, desembestava a falar italiano, misturando loucamente os dois idiomas. Além da cara de panaca, parecia muito preocupado com o amigo, que não poderia de maneira alguma perder o vôo para a Itália. O protagonista agora olha pela janela do trem e vê vinhas e mais vinhas, além de casinhas que o trazem lembranças de seu lar. Pensa em sua família, irmãos, mãe pai e o caralho. Pela primeira vez depois de mais de um mês viajando ele quase chora. Seus olhos se enchem, a garganta trava e ele quase chora. Mas levava um sorriso no rosto, forte o suficiente para fazerem suas lágrimas secarem rapidamente dentro de seus olhos.

Nosso viajante desconhecido chega a Vigo e logo ao sair da estação de trem escuta um "hijo de puta" em alto e bom som dito por uma bela mulher, que ao olhar sua cara de espanto, logo pede desculpas. Apenas um petisco do vocabulário espanhol, oq ue foi notar mais tarde ao conhecer os nativos a dizer coisas como "foder" e "coño" como dizemos olá e boa tarde. Uma ida ao Consulado português e a aquisação da legalidade em território europeu, logo era hora de retornar à estação parta seguir destino a Santiago. Logo depois de comprar o bilhete, heis que surge à porta da estação um colega de intercâmbio, Roberto, italiano, com uma cara de sono que até um cego reconheceria de longe. Estava tudo explicado, ele era o companheiro de viagem de Gianlucca. Balada muito forte na quinta-feira e o resultado foi o furo com o amigo. Sorte que havia outro italiano disposto a dirigir até Vigo para garanir o embarque para Roma e sua festa de aniversário. "O mundo é mesmo um ovo... E de codorna!", pensou nosso solitário viajante.

O encontro, além de inesperado e curioso, rendeu-lhe, além de compania, um bom som a ser compartilhado em um fone de um iPod. O som toca Africa Bambaata e a paisagem passando rapidamente na janela do trem compõem uma longa viagem no tempo. Planet Rock é a trilha sonora de seu caminho a Santiago, para onde ia encontrar o que de mais precioso já havia tido em sua vida. E ela estava lá, à sua espera na estação de trem. Vestida de branco, o mesmo sorriso, o mesmo abraço e o mesmo beijo, em outro lugar do mundo, bem distantes da Alameda Santos. Não sabia se o mundo era, ou é, feito de coincidências ou semelhanças, apenas queria viver ao máximo aqueles breves e eternos momentos que lhes foram proporcionados. Depois desses mágicos momentos e de uma pausa para um "churros con chocolate", é hora de nosso famoso viajante partir de volta a terras portuguesas. Voltar para o lugar ainda onde se bebem cervejas por 70 centimos. Para um lugar onde se fuma à vontade em qualquer lugar que se vá.

Mas não sem antes se despedir. Entra no trem, ocupa o lugar mais longe de todos os outros passageiros e, depois de mexer em sua mala, apenas para passar o infinito espaço de tempo que 2 minutos levam para passar em tempos de despedida, olha para a janela e vê ela, plácida, olhando, parece que há muito tempo, para ele. Ele devolve o olhar. E a fita por intermináveis segundos. Mais uma vez o choro ameaça lavar seu rosto. Mais uma vez seus olhos estão mareados. Mais uma vez a garganta dura. E mais uma vez seu sorriso o impede de chorar.

Não estou ouvindo, mas recomendo:
AC/DC - Can I sit next to you

Ouvindo: Dire Straits - Tunnel of Love

Sunday, October 15, 2006

Jornot 2002

Uns dizem que éramos pontos fora da curva, outros dizem que éramos uma jogada de sorte, alguns outros disseram que era milagre e outros mais descrentes diziam que era pura coincidência. Não sei julgar e nem quero tampouco analizar, mas é fato que éramos, e ainda digo que somos, especiais. Trinta pessoas escolhidas a dedo pelos cientistas mais malucos do mundo, os nobres senhores elaboradores da prova da FUVEST, formaram a turma mais linda que a Escola de Comunicações e Artes já viu passar por suas velhas salas. Éramos trinta amigos, de perfis e procedência bastante diferentes, mas essas diferenças só vieram a aumentar as afinidades e amizades. Casais perfeitos se formaram, potenciais casais perfeitos ainda tentam mostrar um ao outro que o destino reserva um lugar especial para eles. Amigos que, com certeza, terão seus nomes marcados para sempre na imprensa brasileira. Mesmo em um "lugar com pessoas especiais que não cabem nos dedos da mão", marcamos época e ficamos pra sempre nos anais da Escola como a "turma do Jornot 2002". O passar do tempo modificou as relações, mas ainda não há quem diga que não fomos todos, os 30, feitos uns para os outros.

Ouvindo: Marvin Gaye - Let´s Get it On

PS: Comecei esse texto, mas quando acabei de escrever o primeiro parágrafo, percebi que seria impossível falar dessas pessoas sem parecer óbvio, panaca ou qualquer outro adjetivo que quiserem escrever aqui.

Saturday, October 14, 2006

Sobre o papinho 5 estrelas....

-Pode ser S de Silva, S de Souza...
-E pode ser S de Songomongo, né, Seu Sete Estrelas?
Essa frase marcou minha vida pra sempre e foi tirada de uma novela da Globo exibida no final dos anos noventa. Admito que perguntei ao oráculo e não recebi resposta satisfatória. Mas não vem ao caso. Lembrei desse diálogo quando estive a pensar no Papinho Cinco Estrelas. Essa expressão foi lançada por algum camarada ao falar de outro brother meu, dizia que o cara era tão conquistador porque tinha um "papinho 5 estrelas" que era infalível. Hoje rolou uma brasileirada cá em Braga, e eu vi, com meus olhinhos de cor de guaraná, o efeito do papinho 5 estrelas e, por breves segundos, senti a falta de o possuir. Ainda bem que os segundos foram breves e, por fim, preferi ser "lerdo" e sem o "migué" que os latin lovers, sobretudo os catarinenses, carregam. Estive a falar com um amigo meu e percebi o melhor a ser feito é aderir ao que você sempre foi. Não tenho (agora me dêem a licença de falar como falava quando era míudo lá em Franca) "as moral" de dizer qualquer coisa pras mulheres com o intuito de conquistá-las. Simplesmente não consigo dizer que são lindas, ou que gosto tanto delas, quando realmente não o quero dizer.
A(s) melhor (es) mulheres que já conquistei nunca, e nem nunca, ouviram e nem ouvirão coisa do gênero. E isso que a(s) faz(em) tão especial(is).

Um muah pra quem entende o que isso quer dizer.

Ouvindo: NDee Naldinho - Tributo ao Pilantra
Um trechinho:
Pisou na bola, bum (tiro), essa é a Lei....
Pisou na bola, bum (tiro), essa é a Lei....

Wednesday, October 11, 2006

Sobre os perigos de navegar na internet

Há muito tempo me preocupo com esse assunto, digo pra vocês que minhas unhas são mais curtas e corroídas devido às minhas preocupações com a navegação e o tráfego de informações na internet. Aquele moço do Engenheiros do Hawai, acho que é Humberto Guessinguer, já fezz uma metáfora chamando ela de infinita highway. Highway, pelo que sei, é uma autoestrada. Um local de grande fluxo de cargas, informações e pessoas. E nesssa autoestrada nos aventuramos dia após dia, parando em cada ponto da estrada que já foi nossa casa, nosso trabalho, nossos amigos, amores e etc. A cada dia que pego essa autoestrada, aumentam os pontos de parada, mas sempre há aquele posto, aquela cidade, aquela rodoviária preferida, que já sabemos onde fica, e onde seria impossível de se perder.

É certo que sou um condutor experiente, principalmente nos trechos da infinita que costumo conduzir, mas parei certa vez no acostamento, amedrontado e envergonhado, além de duvidoso: por que, diabos, não temos tanta prudência ao trafegar na internet, assim como nos é exigido para guiar um carro pelas estradas? Por que não é preciso uma carteira de motorista, teste de habilidade e coisas assim? Concordo com quem responder que essa habilidade surge naturalmente, não seria preciso um instrutor e nem fazer uma prova de download para podermos acessar a internet. Mas e a prudência, como fica? Como garantir que nossos condutores farão sempre o melhor uso da rede? Que não serão inoportunos, imprudentes e imperitos? Penso que há cada 5 kilometros deveria haver um posto de polícia, obrigando os condutores a bufar ao balão*. Diminuíria o número de acidentes, pois.

*"bufar ao balão" é o equivalente a assoprar o bafômetro

Ouvindo: Um remix que fiz na minha cabeça:
Beatles - Yesterday
Elvis Presley - You are always on my mind
Arctic Monkeys - I bet that you look good on the dance floor

Saturday, October 07, 2006

Cadê o Snaip?

Era a melhor época de minha vida. Meados do 3º colegial, estudando em escola de patrão, mas pagando mensalidade de empregado, encontrei em minha sala vários exemplares como eu naquela sala. Era a primeira vez que assistíamos aula em um auditório e, em alguns meses, esses semelhantes ocupavam a parede do fundo da sala, todos um ao lado do outro, bem encostadinhos e sempre dispostos a fazer qualquer coisa que não tivesse relação com as aulas: eu, Vitti, Kiko, Fazenda, Henri, Natália, Isabela e mais duas gostosas que eu não me lembro o nome. Era a Turma do Paredão. Certa vez o professor disse que apostava quanto dinheiro quiséssemos que nehum de nós passaria no vestibular. Sorte dele que logo voltou atrás.

Mas o assunto não era esse. Uma das coisas que mais nos agradava nessa época era o Inferninho, bar sujo do centro de Ribeirão Preto, frequentado por prostitutas, bêbados, desocupados, fracassados em geral e nós. Além do Vitti e do Henri, sempre juntavam-se ao grupo os meninos da sala ao lado: Rato e Doença. E foi numa dessas tardes perdidas que...

-Cadê o Snaip?
Um homem alto, magro, mas bem magro mesmo. Coisa de um metro e noventa e uns 70 quilos. Bermudão da Conduta, que ele sempre insistia em lembrar, dizendo que bermudão da Conduta era sua veste predileta. Suas pernas finas deizavam aparecer suas veias, todas saltadas. Reparando bem, todas suas veias pareciam saltadas, dos braços, das pernas. No rosto, acompanhando o contorno da boca, uma cicatriz profunda, chegando quase à altura dos olhos. No antebraço, uma tatuagem verde-cadeia denunciava a procedência de nosso futuro adversário.

-Não sei...

Respondemos todos baixinho, enquanto o homem fazia malabarismos com o taco de sinuca. Sempre repetia a pergunta: Cadê o Snaip? E ninguém sabia do que se tratava até que, de repente, não mais que de repente, adentrou ao salão de sinuca um preto baixo, mais forte que o amigo, com um bermudão parecido com o de nosso interrogador e futuro adversário. Nessa hora, todos riam com o canto da boca ao perceber quem era o Snaip e fazer a ligação com Wesley Snipes. Estava tudo explicado. Logo que Snaip chegou, seu amigo propôs o desafio:

-Vamo jogá valendo a ficha!

Nenhum de nós tinha bolas suficientes no saco pra dizer não praqueles dois tipos. Quando lembro da cara deles penso no desperdício de dinheiro que Hector Babenco cometeu na escolha de figurantes para o filme. Com certeza aquela dupla convenceria o Brasil e o mundo em qualquer papel de Carandiru. Timidamente, dissemos sim e o único pensamento que ocupava minha cabeça e, julgo que, também, a de Vitti era "Fodeu".

A partida começou com aquela coisa típica de quem não sabe jogar sinuca, passa um giz na ponta do taco, anda em volta da mesa sem fixar o olhar em nenhuma bola ou caçapa específica, mas tudo sempre com aquele olhar grave de quem sabe o que está fazendo. O companheiro de Snaip, o qual nunca soube e nem quero saber o nome, começou apavorando no jogo, matando bolas de tudo quanto é jeito e parecia que a gente estava fadadao à derrota. Quietos, quase mudos, fazíamos nossas jogadas simples, sempre colocando algumas bolas no caminho, até que empatamos o jogo: uma bola pra cada um na mesa. Depois de várias jogadas sem muito efeito, conseguimos deixar nossa última bola bem na beira do abismo, esperando qualquer assopro pra ir morrer na gaveta. A bola 15, separada do jogo, aguardava a hora de entrar na mesa pra decidir o vencedor. Na vez de Snaip, ele demonstra toda sua técnica e encaçapa a última bola. Ainda estávamos no jogo, dois moleques prestes a talvez derrotar uma dupla recém saída da cadeia. E eles ainda iam ter que pagar pela ficha. Era a hora da bola quinze. Eles certamente não iriam matá-la de primeira, daí ficava tudo empatado de novo. Era a hora da 15. Pela primeira vez durante toda a partida, emitimos nosso primeiro som. Isso, um som, pois não dá pra chamar aquilo de fala. Juntos, como se fosse combinado, eu e Vitti dissemos:

-A 15...

O amigo de Snaip pegou a bola 15 que estava lá esperando. Segurava-a com força, parecia ter raiva dela ou coisa assim. Rapidamente abaixou o braço com violência, de uma vez só, e enfiou com força a bola na caçapa do meio...

-Aqui não tem 15 não, mano!

E com essa fala, o homem magro, alto, de pernas finas e veias saltadas, me deu uma das melhores lições que eu ja aprendi nos meus tempos de escola.

Ouvindo: Portugal X Azerbaijão, na TV que tá lá longe

Crônica de um cozinheiro

Já não quero mais cozinhar o chilli. Parece-me que cortar a cebola já me faz chorar além da própria, parece que engulo algumas lágrimas que me vêm aos olhos não só por causa do enxofre que ela libera ao encontrar-se com minha afiada faca. Mas corto os alhos com gosto, com raiva, e sem, medida, enquanto preparo um molho à siciliana, agora sem mais pensar se te apetecem ou não. Experimento entre um corte e outro e o gosto adristingente parece limpar o gosto amargo de nossos últimos beijos. E enquanto limpa o gosto amargo, o alho limpa também meus pecados. Confesso que nessa estadia ainda não aprendi a cozinhar qualquer coisa à potuguesa. Mas continuo empenhado em aprender, saber se o bacalhau daqui é tão fácil de preparar como o daí. Não penso mais nos pedidos e nem nas exigências do chef, agora cozinho o que bem entendo, sem nunca experimentar antes de servir. Sirvo o que pedirem, mas sempre ao meu gosto. Sempre.

Ouvindo: Paulinho da Viola - Várias

Thursday, October 05, 2006

Encontros, desencontros e tal...

Sei que estive ausente por um bom tempo, ainda mais em se tartando de um blog, que é algo que requer atualizações frequentes e tal. Mas não escreverei nenhum tipo de desculpa por aqui, só digo que não tô com muito saco pra essa coisa de blog, pelo menos por essa semana. Mas peço que voltem sempre, afinal de contas isso só existe por causa de vocês.

Por hoje, um breve resumo de minha estadia por aqui:
300 euros gastos, pero muito bem gastos
xis mil latinhas, garrafas e outros tipos de embalagem de breja
5 garrafas de vinho (logo eu que sempre odiei vinho)
Poucos abraços, nenhum beijo
Oito apaixonamentos repentinos, mas todos eles já passaram
Um amigo, mas veio importado de Sampa
Diversos colegas
25 dias ininterruptos de balada.

Mas eu volto. São e salvo. Tanto pro blog quanto pro meu país. Acho que o Brasil vai ter que me esperar um "bocadinho" mais que o blogspot.com.

Ouvindo: Ornatos Violeta - Ouvi Dizer

PS: Agora que acabei de escrever isso percebi que o título não tem nada a ver...

Wednesday, September 27, 2006

Mais um trecho de um filme que marcou minha vida

Kill Bill. Primeira cena. Bill está falando com Beatrix Kiddo, toda fodida pela ira de seu amante. Olhando-a nos olhos com uma ternura improvável, Bill trava esse breve monólogo:

Do you find me sadistic?
You know, I bet I could fry an egg on your head right now.
If I wanted to.

You know, kiddo...
I'd like to believeyou're aware enough, even now,
to know that there is nothing sadistic in my actions.

Maybe towards those other jokers.
But not you.
No, kiddo.

At this moment...
This is me..
...at my most masochistic.


Só eu sei. Só eu sei das lágrimas e por onde elas andam caminhando e insistindo em querer sair a cada dia que passa lentamente em minha vida. Só eu sei o que procuro em cada rosto quando ando na rua, o que vejo em cada espelho que olho, em cada abraço que eu ganho. Só eu sei onde procurá-las, mas prefiro deixar que elas brinquem de esconde-esconde no fundo dos meus olhos e no infinito escuro de minha mente. Só eu sei o quão sinceras e únicas elas foram. Só eu sei.

Se pelo menos isso fosse um poema..

Ouvindo: Nancy Sinatra - Bang Bang

Monday, September 25, 2006

Dormi ao lado de uma coisa muito preciosa...


Na verdade queria escrever sobre o bom senso e o bom gosto, e a severa diferença entre ambos. Juro que tentei, mas comecei a me perder em outros pensamentos e salvei só um rascunho. Acho que é preciso ruminar um pouco mais a idéia antes de sair falando por aí.
Estranhos sonhos passam pela minha cabeça enquanto e durmo e reluto em acordar, pois cada vez que repouso novamente a cabeça no travesseiro, logo vem outro sonho. Tal qual uma TV que muda de canais, a cada vez que fecho novemente os olhos o assunto muda, as pessoas mudam e tal. Parece até que elas vêm me visitar em ordem de importância: sonhei com você, com ela, com ele e com todos juntos. E nos sonhos tudo corria bem entre eu e vocês, algumas pequenas desavenças, um tapa na cara, mas nada de ruim mesmo em meus devaneios e lembranças.
No fim de semana visitei a última vila deste país, bem na fronteira com o vizinho, apenas a uma ponte de distância da Espanha. Tentei atingir o território estrangeiro com uma pedra através do Rio Minho, mas confesso que faltou força. Posso agora contar pra todo mundo que já visitei a Espanha duas vezes.
Por fim, breve relato da balada em Monção: terminei a noite no Ninho do Pardal, uma balada com dois ambientes frequentada por grande parte da juventude da vila, em sua maioria playboys, ou como é dito por aqui, betinhos. Ambiente divertido, com som meia boca e cerveja barata. Passei a noite brincando de olhar para as pessoas fixamente nos olhos e ganhei de brinde um viado me cantando dizendo que eu era a cara do Ben Harper... Como um bom homem que sou, espírito latino e sangue quente, seria impossível e improvável que fosse para a cama sozinho. Depois de comer dois pães com queijo e fiambre olhando para as muralhas que antes separavam os dois países, fui me deitar e ela estava lá, esperando que me deitasse ao seu lado. Intocada e intocável, ocupava seu leito esperando a companhia certa. Por que ela estava lá, quem colocou-a lá, se esse tipo de coisa é costume por aqui, eu não sei. Mas posso dizer lá na cidade onde eu moro que eu já dormi ao lado de uma garrafa de Remy Martin. VSOP.

Mudando de assunto: No final da noite de domingo peguei o final do filme Carlito´s Way, com Al Pacino e alucinei nas últimas falas do protagonista antes de morrer. Sei lá por quê. Leiam e achem o que acharem:
"No room in this cityfor big hearts like hers
Sorry, baby.
I tried the best I could. Honest.
Can't come with me on this trip, though.
Gettin' the shakes now.
Last call for drinks.
Bar's closin' down.
Sun's out.
Where we goin' for breakfast?
Don't wanna go far.
Rough night.
Tired baby...
...tired. "


E ele se vai, olhando fixamente para um cartaz mostrando alguma praia caribenha. Last call for the drinks...

Ouvindo: The Doors - The End... "I´ll never look into your eyes...Again.

Friday, September 22, 2006

Curta metragem de baixo orçamento

1 - Breve descrição dos personagens
John Stuglia: homem de 23 anos, alto, cerca de 1,87, cabelos encaracolados, olhos verdes, moreno e um pouco acima do peso. Recém chegado a uma terra distante, ainda olha tudo com olhos de criança. Ainda acha estranho o fato de todos o medirem em qualquer lugar que passe, todos o olham de cima abaixo e quase sempre têm um comentário velado a fazer para os amigos. Veste calça jeans, tênis e uma camisa do Guarani Futebol Clube. Característica peculiar de nosso protagonista é a capacidade de apaixonar-se em segundos pelas mulheres que vê na rua, sempre seguido da frase, em pensamento: essa eu casava.

Seu Augusto: senhor de uns 50 anos, cabelos grisalhos e curtos, de fala rápida e uma gentileza sem tamanho. Proprietário de um café na zona universitária dessa terra distante, passa horas a faalr sobre como cativar sua clientela, coisa das que mais preza na vida. Dependendo do cliente, até oferece algumas cervejas por conta da casa e senta-se à sua mesa no final do expediente.

Essa eu casava: Garota de uns 20 e poucos anos, magra, estatura mediana, roupas simples e bem escolhidas, cabelo médio repicado e uma carinha que qualquer um gostaria de ver. Conversa baixinho enquanto seu olhar escapa algumas vezes da conversa com sua amiga.

A amiga: Pode ser qualquer uma, fica a critério do diretor.

2 - O roteiro
Camera parada no outro lado da rua, focada no letreiro da lan house. O protagonista chega e entra no quadro pela esquerda, passo apressado, carregando uma pasta. Após sua entrada na lan huse, a câmera atravessa a rua e pára filmando John ao balcão. O personagem desce as escadas rumo aos computadores e algunsinstantes após sua saída, a camera acompanha-o em mais um travelling. Jonh entra em seu e-mail, o processo é lento e o barato não é nada louco. Demora. Impaciência e a câmera passa para a frente de Jonh, de braços cruzados e olhar visivelmente irritado. Passam-se 10 minutos e não consegue abrir sequer um e-mail, a irritação aumenta. Fecha as janelas do computador, faz seu logoff e sai, com a câmera acompanhando-o mais uma vez. Corte para o lado de dentro do balcão, com o peonto de vista do protagonista. John mal olha para a cara do dono da lan house e paga com desgosto os 50 centimos mais mal usados de sua vida.

Sobe a trilha sonora como AC/DC - Inject the Venom, na parte que diz "No mercy for the bad if they want it...". Jonh atravessa a rua a caminha em direção a escada que dá acesso arua de cima e ao café de Seu Augusto. Travelling até o café vizinho e corte para dentro do café, com a câmera colocada no ponto de vista de Essa eu caso. Jonh entra, cumprimenta Seu Augusto e pede um pingo directo (café com um pouco de leite). Trocam breves palavras, pois John ainda está deveras irritado. Pega seu café, senta-se à mesa e repara em Essa eu casava. Era a terceira vez que a via por ali, sempre linda e radiante, mas nunca uma aproximação. A irritação dá lugar a uma certa esperança e a feição do personagem melhora. Mexe vagarosamente seu pingo enquanto divide seu olhar entre a televisão e Essa eu casava. Desce a trilha sonora e a câmera dá um passeio pelo bar, mostrando os homens que carreagm a máquina de cigarros e fazem sanduíches no tostex. Sobre trilha sonora com Lou Reed - Perfect Day. Camêra pára na porta do café, mostrando John de costas com a camisa 10 do Guarani desfocada e Essa eu casava e sua amiga conversando sobre amenidades, enquanto mexem nas pontinhas dos cabelos. A Amiga usa All Star de cano alto cor de rosa e deixa seu pé sobre a cadeira ao lado, enquanto Essa eu caso mais charmosa com seu cabelo e sua postura. A câmera flagra o momento em que Essa eu casava desvia seu olhar da Amiga e olha fixamente para Jonh, e vice versa, porém os olhares não se encontram, são fugidios. Jonh arrisca um sorriso e um olá, mas Essa eu caso desvia-se na hora agá. John dá mais umas olhadas na TV, acaba de fumar seu Marlboro 100´s e na volta pousa seu último olhar no rosto de Essa eu casava. Ri de canto de boca, a irritção já foi embora. Levanta-se, paga o pingo para Seu Augusto, conversa um pouco com ele e promete voltar mais tarde para beber algo mais forte. E talvez encontrar Essa eu casva por lá mais uma vez. Ouve-se ao fundo a conversa das duas amigas falando sobre qualquer coisa que envolvesse o nome de John. A camera acompanha sua saída em plano fechado no número 10 da camisa do Guarani. Seu andar é decido e descontraído, enquanto assovia Perfect Day acompanahdo da trilha sonora. A câmera pára e Jonh vira à direita descendo as escadas, a trilha sobre ao máximo no refrão, corta para os créditos.

Ouvindo: Racionais MC´s - Juri Racional

*Inspirado pelo filme Elephant, de Gus Von Sant, o melhor que vi esse ano e há muito tempo. Altamente recomendado.
*Essa obra é totalmente fictícia e o nome dos personagens foi escolhido ao acaso. Qualquer semelhança é mera coincidência. Conteúdo livre para reprodução, ou seja, se você for crazy enough, faz o filme e depois manda aí pra gente ver.

Thursday, September 21, 2006

Você acredita em deja vú?

Estávamos os quatro sentados em volta de uma mesa de vidro. À nossa frente uma vitrine de bolos decorados, daquelas de vidro com quatro andares giratórios. Um de nós comanda um lap top passando algumas fotos de suas andanças por aqui. Olho novamente para a vitrine. Olho para a cara de Maneco. Começo a ficar desconfiado. Olho de novo para a vitrine, reparo nas nossas posições à mesa. Olho para o Doca e ele devolve o olhar, passando para a próxima foto. Páro de desconfiar e tenho a certeza que já estive ali, sabia exatamente como seria a poróxima foto. Os rostos, as reações, os comentáriso, tudo estava ali em minha mente, perdido em algum lugar de suas profundezas. Mas quem colocou aquela cena ali? Como assim, se nem mesmo tinha visto nehum daqueles caras na vida, nem mesmo por fotos? Um dia quero descobrir de onde vem essa programação mental. Talvez esteja tudo já em nossa cabeça, só nos falta ir à fonte e resgatar nosso futuro, que no caso, já aconteceu dentro de nós. É deveras complicado tentar explicar a sensação de um deja vú. Às vezes parece loucura, mas em alguns momentos há a cerrteza do que estamos vendo. E você, acredita em deja vú?

Ouvindo: Ornatos Violeta - A Dama do Sinal

PS: O gato voltou. São, salvo etc.

Saturday, September 16, 2006

Curtas e rápidas

Cheguei e estou bem. Nunca fui tão bem recebido em lugar algum.

O gato da Celine fugiu hoje cedo e isso nos impediu de ir a uma festa tradicional e popular em uma cidade ao lado. Mas ele volta.

Quando estiver longe de casa e não entender o que as pessoas dizem, meneie a cabeça com um sim e sorria, sempre.

Ganhei saideiras nas duas vezes que fui ao Café de Seu Augusto. Nunca o tinha visto e nem pedi nada ao homem.

Experimente ir a um bar com algumas moedas, umas quatro ou sete do maior valor que circular em seu país e tente se embebedar. Por aqui dá certo.

Feche os olhos e imagine se a Associação Acadêmica da Universidade de São Paulo tivesse um bar no centro da cidade exclusivo para universitários. Isso existe por aqui.

É inacreditável a quantidade de palavrões por segundo que se pode dizer por aqui sem incomodar ou chocar as pessoas.

Vincent Vega tinha total razão ao dizer that the funny thing about Europe is the little diferences.

E por aí vai. Continuamos nos falando em breve. Cambio, desligo.

Ouvindo: A próxima faixa do mesmo disco do post anterior

O gato desceu do telhado

Da janela do apartamento olho para o outro lado da rua e vejo uma mulher a mexer nos cabelos e fumar de maneira desesperada. Seu gato fugiu, não se sabe pra onde, sem deixar recados nem bilhetes e nem marcas de sua despedida. Em longas conversas regadas a vinho chego a compreender seus motivos, sua vontade de ver o mundo mais de perto, de ser aquilo que ele, e só ele, desejava. Passear, deixar de lado a vontade de outros e ser só um gato. Ser somente o gato. Talvez estivesse cansado de explicações, desculpas e outros pormenores e simplesmente resolveu partir sem dizer nada. Cresceu, tornou-se livre e independente, mas nunca mais será o gato que um dia todos adoraram. Caiu sua máscara, deixou de ser o fodão, deixou de ser o bamba, nunca mais será tão especial quanto fora antes. Para os outros. Para ele mesmo, será para sempre o rei de sua vida. Espero que um dia ele veja tudo o que queria e volte a miar embaixo dessa janela, pedindo perdão e requisitando de volta sua cama, sua comida e seu espaço dedicados. Estaremos todos de braços abertos quando chegar. Celine, Amandita, Dona Teresinha, Cintia, Seu Agostinho e, por incrível que pareça, até eu, pensamos baixinho: volta, César.

Ouvindo: AC/DC - Hail Caesar

Monday, September 11, 2006

É a hora e a vez do manjericão

Essa frase foi tirada de um filme com o Gene Wilder e Richard Prior. Sei que não faz muito sentido, mas ela me marcou muito e sempre que eu penso que está na hora de fazer algo ela me vem à cabeça. Portanto, como embarco hoje, daqui a pouquinho, ela voltou e digo ao mundo: chegou a hora e a vez do manjericão.

Acompanhem por aqui um pouco de minha ida às terras lusitanas com muitos causos, confissões e piadas de português.

Quero dar as boas vindas aos novos espectadores do Blogdobigode e dizer que quem não comentar é bicha. Quando alguém perguntar de mim, passem esse endereço que é onde poderão me ouvir lá de longe. Espero visitas, tanto aqui quanto lá.

Sentirei saudades de todos ...

E como diria Dinei do Curintia:(soletrando) F-O-U: fui!

Ouvindo: Lisérgicos Românticos - Agora eu tô ouvindo Mutantes

Monday, September 04, 2006

Feliz Aniversário!

Como é difícil falar Feliz Aniversário para as pessoas, não? Me faltam as palavras, não consigo resumir ou mesmo racionalizar tudo aquilo que desejo para você. Parece enterro, quando você cumprimenta as pessoas e diz nada mais que "meus pêsames". Fiquei no tradicional "parabéns, muitas felicidades", mas queria que soubesse que é muito mais que isso, que desejo um mundo inteiro para ti. E nesse mundo você escolhe tudo, aperta os botões e "pull the strings" para sair tudo do jeitinho que você gosta. E do jeitinho que você merece.

Nenhum presente seria suficiente.

Parabéns!

Ouvindo: Mutantes - Ave Lucifer

Tuesday, August 29, 2006

Como surgiu a expressão...

Um homem comum caminhava pelas ruas de uma cidade qualquer, perguntando aos sete ventos:
"Por que apertaram mais ainda esse maldito nó dessa porra de gravata? Aliás, você poderia me dizer de que cor é minha gravata? "

Todos que o ouviam, inclusive alguns dos sete ventos, repetiam a pergunta:
"Mas que gravata?"

E assim o homem descobriu o "nó na garganta".

Ouvindo: Breathe - Prodigy

Wednesday, August 23, 2006

Estória de ninar...

João acordava cedinho todo dia, igual muitas crianças que se vêem por aí. Mas não acordava para ir para a escola, não arrumava seu material nem dua lancheira. Com 7 anos de idade, levantava junto com o sol, ganahva um bom dia irritado de sua mãe, que logo cobrava seu trabalho. Pegava sua mochila e caminhava de barriga vazia até o barraco do Cidão, onde acabava de arrumar seu material de trabalho: pó de 5, pó de 10, umas maconhas e um pouco de crack. Precisava vender pelo menos 100 contos por dia, senão a bronca era feia e dobrada: do Cidão e de Dona Dirce, que esperava pelo filho todos os dias, embalada pela programação da TV.

De barriga vazia, João descia o morro todos os dias cantarolando raps feitos ali na quebrada mesmo, relembrando de estórias contadas pelos seus companheiros de trabalho, tentando esquecer as duras dos "homi" e as surras de sua mãe. Chegava no asfalto lá pelas 7 e meia, todos os dias, e logo encarava a freguesia mais assídua:

-Tem pó de 5 aí, Joãozim?
-Tem sim. Quantos cê vai levar hoje?
-Um só, tá achando que fiquei milionário, muleque?

João vendia e continuava andando pelas imediações da favela, sempre marcando em alguns lugares estratégicos. Às oito sempre vinha aquela madame, lá pelas 9 os tiozinhos que trabalhavam na construção levavam boa parte das pedras e da maconha. Eram seus melhores amigos na atualidade. Não que pudesse dizer que eram seus amigos de verdade, mas eram os únicos que, além de garantirem o sustento de Dona Dirce, ainda pagavam Tubaína e punham um mesclado pro João na hora do almoço. Pouco tempo depois era a vez da mulecada do colégio ali do lado, que sempre fazia uma parada antes da praia.

-E aí João, tá servindo hoje?
Sempre solícito, ele respondia:
-Claro, tô aqui todo dia. Vai levar o que?
-O de sempre, né mané!

João passou duas maconhas e um pó de dez e antes que acabasse de contar a grana, os playboys já tinham sumido pelo bairro, caminhando empolgados em direção a praia. A cota de João estava acabando, agora só faltava aparecer mais uns malucos do bairro para levar alguns papelotes de 10 e duas pedras que faltavam para fechar o dia. E como sempre, todos apareceram e seu dia de trabalho tinha terminado. Quase. João subia o morro agora sem tanto "peso" nas costas, cem reais no bolso e seus sonhos de criança voando em cima de sua cabeça. Passava perto das outras crianças e brincava por alguns segundos, chutava uma bola que vinha em sua direção, mas nunca podia parar e brincar, sem se preocupar com Cidão ou Dona Dirce. Não tinha tempo para essas coisas de criança, e continuava subindo o morro até o barraco de seu patrão.

-Cidão!
-Entra aí, Joãozinho! Como foi hoje?
-Foi legal!
-Acabou tudo? Cadê a grana?
-Tá aí...

João entregava, como todos os dias entregava, os cem reais da cota diária de sua venda. Juntando todos os aviõezinhos, Cidão chegava a pegar 1500 contos só da mão dos moleques. Tirando as vendas que fazia pessoalmente, mais as encomendas que mandava pros bairros, Cidão estava ficando rico. E João continuava pobre:

-Tá aqui!
Cidão estendeu uma nota de R$ 5,00, como de costume
-Valeu hein!

João subia mais uma vez para sua casa, com a sensação de dever cumprido: Cidão garantia seus lucros e sua mãe garantia sua miséria. Exausto, o menono tinha como companhia seu travesseiro velho, o qual abraçava e o embalava em seus sonhos: bombeiro, lutador de sumô, jogador de futebol, qualquer coisa, menos aviãozinho passava pela sua cabeça. Mas logo o cansaço e a leseira do mesclado mandavam embora seus sonhos e um vazio preto tomava conta de sua cabeça. Hora de acordar.

João acorda mais uma vez junto com o sol e de barriga vazia desce o morro. Pega sua cota, arruma a mochila e desce para o asfalto. Os fregueses comparecem na mesma ordem de sempre, como se fosse combinado. A madame, os tiozinhos da obra e os playboys. Mas dessa vez um dos moleques da escola trazia algo que nunca tinha visto, quanto mais pegado nas mãos. Era um livro infantil, cheio de animais e arco-íris, tudo muito sonhado e colorido.

-Deixa eu ver?
-Tira a mão daí, Joãozinho. Cê nem sabe ler!
A mulecada ria nervosa à espera do combustível para a tarde.
-Eu quero só olhar!
-Não pode, você vai sujar.
-Não vou não...
-Vai!
-Pô corta essa, Reinaldo, deixa o moleque pegar o livro.
-Deixo não. Se você quiser eu vendo.
-Quanto?
-O de sempre, né mané!

João nem pensou muito no assunto, logo serviu as duas maconhas e o pó de 10 pros playboys. Queria que eles sumissem mais rápido ainda pelo bairro, enquanto folheava apressado as páginas coloridas e sonhadas. Tentava decifrar o que estava escrito, mas podia também imaginar toda a magia contida naquelas páginas. Gritava, ria e esquecia de seu mundo, no livro ninguém era Cidão nem Dona Dirce. Esquecia do tempo, esquecia dos fregueses, pensava em sua vida e em sua alegria. Ao pôr do sol resolveu acordar e subir o morro. A mochila agora era pesada, peso dos sonhos presos em páginas coloridas.

-Cidão!
-Entra, João!
-.........
-.........
-E a grana, moleque?
-Tá aí, Cidão!
-Tá o caraio. Tem 80 conto aqui. Não sobrou nada na sua mochila?
-É que...
-É o que caraio?

João abriu sua mochila e estendeu o livro. Esperava que Cidão gostasse, entendesse a magia que aquilo lhe proporcionava. Queria que o traficante esquecesse pelo menos por um dia da grana, que sua mãe se levantasse do sofá e arrumasse algo decente pra fazer. Queria que aquele livro resolvesse o mundo, enchendo-o de sonhos e criancice. Queria que aquilo valessemuito mais que umas paradas de droga ou vinte reais ou qualquer coisa. Queria que todos sonhassem como sonhou ao folhear o livro. Apenas queria... Mas Cidão não quis saber. Sacou seu .38 e, do auge de sua loucura, disparou bem na cara do moleque, que caiu ao chão, abraçado com seu livro e com seus sonhos.

-Moleque filho da puta!

Ouvindo: Inocentes - Medo de Morrer (versão Ratos de Porão)

Tuesday, August 22, 2006

Eu e ele

Decidi trancar a porta, a festa seria só nossa. Eu, meu amigo, ele e outra atendente, os únicos contemplados com a festa que teria início em breve. Decidi também arrancar o cartaz impresso em a4 que dizia sobre as penas por desacato e/ou desrespeito ao funcionário público, já que o que estava por vir estava longe de ser um desacato. Seria coisa de primeira, digno de TV e estória de ninar passada de geração para geração de funcionário público. Estavamos prestes a virar folclore, causo e norma de conduta apra o funcionalismo. Meu amigo, já no clima, cuidava das persianas e dos fios telefônicos, que eram arrancados das paredes e dos aparelhos. Quem mandou? Quem disse que ele podia ser tão arrogante, cagando regras para todos os lados? Que podia criar prazos inesgotáveis ao seu bel prazer? Inventar necessidades e apontar obstáculos ridículos? Não posso dar encaminhamento antes que o documento chegue, senhor... Que frase mais ridícula. Repete, seu filho da puta, repete pra eu ouvir você falar isso de novo. Meu amigo se ria todo, meio que sem motivo, pois fora atendido como rei. A outra atendente, a que atendeu meu amigo, não tinha culpa alguma. Aliás, tinha culpa por estar lá ao lado dele sem nunca ter cobrado qualquer posição mais decente. Repete, seu filho da puta, eu quero que você repita que não pode dar andamento. Sua pele negra brilhava de suor enquanto eu o prensava na parede. A mulher estava desesperada, mas meu amigo deu conta da situação com um soco na boca. O sangue escorria pela blusa e a mulher se engasgava com a mistura de sangue e dentes que invadia sua garganta. E meu amigo se ria, enquanto ele tremia com a voz e com as pernas, sem coragem de repetir aquilo tudo que eu pedia. Peguei um pouco de sangue da outra atendente e passei em seu rosto, perto do nariz e pedi que repetisse tudo de novo. Agora ele chorava. Toda sua macheza tinha ido embora pela janela, mesmo que essa estivesse fechada. Não tinha mais certeza de tanta coisa, não conseguia me ameçar com requisitos e autenticações. Sabia que sua vida podia acabar ali mesmo, na hora, sem precisar de fotocópias, nem assinaturas e nem ordens superiores. Seu tempo não era mais contado em dias úteis, ali na minha mão ele podia durar mais 2 segundos, duas horas ou dois meses, mas ele nunca saberia qual o prazo em dias úteis. Toda sua tradição de funcionalismo público escorria em suas lágrimas, enquanto apertava seu pescoço e pedia em voz alta para que repetisse que não podia atender meu pedido. Até que ele desistiu de ser o dono da burocarcia, deisitiu de querer me controlar com seus prazos, requisitos e outras encheções. Arregou:

-Eu dou o encaminhamento assim mesmo. Volta para buscar em três dias úteis, senhor?
-Não quero mais.

Soltei seu pescoço, destranquei a porta e saí, sem tirar o olho dos olhos dele, contando pra ele, em silêncio, tudo aquilo que sentia por suas ordens, desmandos e prazos. Seu olhar respondia que estava tudo entendido. Saí para um almoço tranquilo de terça-feira, no mesmo local de todas as terças-feiras. E sempre que passo por lá, vejo ele perambulando pelas imediações da repartição. De cabelos sujos, pouca roupa e a pele negra brilhando de suor, ele grita para o mundo ouvir:

-Três dias úteis, senhor! Três dias úteis!

Ouvindo: AC/DC - Problem Child

Monday, August 21, 2006

Hoje eu quase escrevi aqui...

quase.

Ouvindo: Guns 'n'Roses - Civil War
trecho: What we've got here is failure to comunicate....

Tuesday, August 15, 2006

O Lula nunca me enganou



*Mestre Cannabis é um personagem criado por Viciado Carioca.

*Clique na imagem para visualizar em tamanho decente

Ouvindo: AC/DC - Inject the Venom

Monday, August 14, 2006

Ontem ria....

Estava no ponto pensando em qualquer coisa, com um sorriso maroto de quem está realmente entendendo tudo que está acontecendo no mundo: o por quê das guerras, as bolsas de valores, por que o avião voa e toda e qualquer dúvida que habita a cabeça de crianças de 5 anos. Sabia de tudo e dava risada. Aliás, não era bem uma risada, sorria com a língua no meio dos dentes e era observado com espanto por velhotas apressadas, que olhavam incrédulas seus olhos verdes(?) e igualmente sorridentes. Entrou no ônibus como de costume e, no meio de todas as suas descobertas, análises e afins, chegou à grande conclusão do dia. A única coisa que o atormentava, que roubava seu sorriso e o brilho de seus olhos estava respondida, publicada em forma de mensagens cifradas em músicas cantadas em um rap primitivo: Gabriel o Pensador é um gênio. Como não tinha pensado nisso antes? A associação com Memê era apenas uma jogada, nada que apagasse sua genialidade. Com sua música conseguia explicar tudo, tudo mesmo. Gênio. Merecia uma visita, quem sabe um autógrafo. Esse sim era um indivíduo, com consciência de causa e músicas sobre o assunto. Precisava encontrar Gabriel, um telefone, um endereço, qualquer coisa. E no meio do pensamento, cantarolava dentro de sua cabeça, com o sorriso de língua no meio dos dentes:

Todos correm atrás de paz e felicidade
Numa procura incessante que faz com que muitas pessoas acabem
Desiludidas, ingenuamente suicidas
Totalmente perdidas
No labirinto da vida
Andando em círculos
Buscando a saída de modo ridículo
E a cada topada nas pedras da estrada
Alguém te observa como quem não quer nada
Você não enxerga, você não escuta, o filha da puta dando risada.
Faça o diabo feliz

Estava tudo respondido, sabe?

Ouvindo: Gabriel O Pensador - Dança do Desempregado

Thursday, August 10, 2006

O mundo feito de marionetes falantes


Faça sua tirinha em Strip Generator: http://www.stripgenerator.com/

*Clique na imagem para visualizar em tamanho decente

Ouvindo: Underworld - Confusion the Waitress

Friday, August 04, 2006

Hora marcada

Era dada a hora. Tava tudo marcado, o doutor tinha acabado de consultar o calendário, não tinha escapatória e o dia era aquele, ponto. Nem mais um mês, nem mais uma hora, nem mais um suspiro. Morreira dali há extatos e precisos 2 meses, no período da tarde, entre as 15h45 e 15h47. Era a única margem que passara a ter na vida, dois minutos, o prazo máximo da variação entre ser e não ser mais coisa alguma. Preocupou-se com a falta de sabedoria para saber o que fazer naquele tempo e o que mais doía era a preocupação com sua filha, alegria única nesses anos de existência. Conhecia seu jeitinho meigo, sensível e alegre e queria aproveitar aqueles momentos conhecendo e aprendendo um pouco mais sobre como é ser maravilhoso.

Decidiu vestir seu pijma e deitar na cama, com um calendário colado na parede e uma jarra d'água no criado mudo. Esperava todos os dias pela visita de sua filha, enquanto tentava bolar planos pra enganar quem o vinha buscar no dia derradeiro. Colocar outro cara na cama e ficar bem quietinho, escondido debaixo dela esperando que não me levassem, que aceitassem o engano e me deixassem quietinho lá. Buscava pelo mundo casos misteriosos de dribles à Morte, sacadas geniais e salvamentos improváveis de moribundos condenados, reunindo-os em um luvro que colocava debaixo do travesseiro. Dizia para a filha que era como uma "programação mental", um arquivo para ser consultado por quem levava seus últimos sonhos para a sua cama.

Sua filha seguia a rotina de visitas, sempre semonstrando um olhar pensativo, de quem sabe dos planos superiores e que faz previsões sobre um futuro que ainda não aocnteceu. E assim acariciava o pai, tentava confortá-lo da dor que estaria por vir, que também não conhecia, mas vivenciava de maneira torturante e crescente com o passar das tardes. Inconscientemente media o corpo do velho, pensava em modelos de caixão e coroas a serem depositadas na memória de seu pai. Cada visita era uma pá de terra em cima do amado. Já o velho perdia-se em seus pensamentos, engolindo quilos de tristeza e ruminando um sorriso que dela tirasse as impressões deixadas pelo doutor. Comunicavam-se pouco, apenas mensagens cifradas espalhadas pelos caminhos e lugares que costumavam se encontrar. Estava condenado: pelo médico, pela filha e por ele mesmo.

Chegado o dia o pai resolveu não abrir os olhos. Esperou que Deus ou o capeta o levassem, ou que mandassem um enviado para cumprir o horário marcado. Eram 15h46, estava na metade do prazo e nem imaginava que horas eram. O vento balançava o calendário, que já estava muito desatualizado praqueles anos de 2009. O tempo não cumpriu sua promessa, nem a promessa do doutor, nem a da filha, e nem a dele. Dizem que ninguém foi ao enterro, apenas um cachorro, um bêbado e o coveiro. Não queria flores, pediu que fossem deixadas na Terra, que precisava muito mais delas do que lá pra onde ia.

Ouvindo: Planet Hemp - A Culpa é de quem

Monday, July 31, 2006

O baile

O convite dizia claramente, em letras bem grandes, com boa visibilidade e legibilidade: Baile de Máscaras. Não se podia dizer desavisado, juvenil, de pouca experiência: todos sabiam que seria um legítimo e eterno baile de máscaras. E lá fui pra te encontrar, imaginando em minha cabeça como você estaria, se bela como sempre ou qualquer fantasia de criança vestiria. Procurei pelo salão e você lá não estava, eu perdido em meio a Colombinas, Mulheres Gatos e coisas parecidas procurava mais um pouco dentro de cada sorriso pela sua essência. Tomei mais um pouco da bebida enquanto resolvia partir dali há pouco. Foi quando vi ao fundo do salão uma menina com um saco de papel na cabeça, com furos nos olhos e no nariz. Nada da boca. Fui embora enquanto pensava se era você. Onde andaria a máscara que tinha prometido fazer para nosso encontro? Fiquei feliz por ela não usá-la, encarando os mascarados como realmente era, sem enfeites e nem ilusões. Pero senti falta de ver, pelo menos de relance, seu sorriso.

Ouvindo - Raul Seixas - Loteria de Babilônia - Só um trechito: "Você não tem perguntas pra fazer, Porque só tem verdades pra dizer, A declarar"

Friday, July 28, 2006

Visitas confusas numa manhã de sexta-feira


E foi que eu abri a porta enquanto as crianças gritavam: "Ele chegou, ele chegou!". De camisa amarela, calça e meias azuis arriadas, lá estava ele, RC.
- Soube que mandaram uma carta pra você em meu nome...
-Pois é, o nome é o mesmo, mas não foi pra você não.

RC fez uma cara de desentendido, mas um pouco blasé também. Parecia nào acreditar que eu não dava bola pra sua importância. O suor escorria em sua testa, descendo da careca reluzente, sinal que tinha vindo correndo.

- Veio correndo, Roberto?
- Pois é, tava meio parado e resolvi agitar um pouco nas férias. Mas como assim, não era minha a carta? Meu empresário falou que tava tudo acertado, que eu podia vir aqui falar com você, você precisava de uns conselhos.
- Mas a carta não era pra você, era pro "Rei".
- Exatamente, Roberto Carlos, o Rei do Futebol! Eu!

Saí de controle por alguns minutos, rindo descompassadamente. As crianças não entendiam, estavam fascinadas pela presença e brincavam pelo chão desfiando a meia do pobre jogador. Depois de tomar uns doze copos d'água, voltei ao sério e tive que explicar:

-Até entendo que você seja o Rei, Roberto. Mas a carta que eu escrevi foi para o Rei Roberto Carlos, o verdadeiro rei da música.
-Ah... Acho que eu vou nessa então...

Dessa vez o descontentamento era mais nítido e não dava para segurar o ar blasé. Roberto Carlos estava chateado com a confusão e pela primeira vez em minha vida, vi nele uma expressão que era movida por sentimentos. Pedi que esperasse um pouco mais, pois precisava falar sobre coisas 'serias com ele. Enquanto tentava explicar o assunto, Roberto Carlos permanecia abaixado ajeitando seu meião, reclamando em resmungos sobre a malcriação das crianças. Ouvia minhas explicações de cabeça baixa, sem responder sobre nada. A aptroa chega na sala e grita: "É o Rei, é ele, ele chegou!".

Coloquei a cabeça na janela e vi ao longe um homem em um cavalo branco, vestindo terno e jogando rosas pelo caminho. Beijava-as, como em uma dedicatória, e jogava-as ao chão para a platéia que não tinha ido ao show. Aproximava-se lentamente de minha casa, enquanto eu pensava sobre o que fazer para receber dois reis em meu lar. Roberto Carlos desceu de seu cavalo e foi logo entrando, amigos que somos, e pedindo seu copo de água com limão. Café ele não tomava, quanto mais cerveja e coisas do tipo. Lembrei que o outro Roberto não havia sido recebido como devia e pedi que viesse uma dose de qualquer coisa forte pra ele também.

- Você por aqui? Pára de ajeitar essa meia e olha pra mim. Como você tá?
- Eu não consigo. Tô com vergonha. Mas eu tô bem, Roberto. É uma honra ver o senhor por aqui.

Continuaram com um papo ameno até que o verdadeiro Rei zangou-se com as fugas de RC. Disse que Rei do futebol é o caramba: "Pô bixo, depois do Pelé não tem pra ninguém. Muito menos pra você." Parecia que o Rei tinha lido meus pensamentos e o jogadorzinho estva agora dispensado. Mas pegou o copo cheio de pinga com limão e resolveu ficar, agora sentado na sala jogando W11 com as crinças.

Acontece que o Rei, Roberto Carlos, cantor e compositor, o verdadeiro Rei de verdade, tinha ido em casa para uma visita quase que comum. Mas ele queria mesmo é pegar a resposta da carta que ele tinha me mandado, dizendo estar triste com meu atraso. Roberto se dizia muito sozinho lá em cachoeiro do Itapemerim e resolveu encarar alguns dias no lombo de seu cavalo branco só pra saber o que eu estava pensando do assunto. Conversei com ele durante longas horas, expliquei toda a confusã que se passara em minah cabeça, ams disse que agora estava tudo resolvido. E já que ele já tinha ouvido, melhor seria escrever uma carta pra ela e dizer tudo o que tinha contado para o Rei. Peguei um rolo de papel para impressora matricial e comecei o texto dizendo tudo aquilo que era preciso dizer, o que meu coração mandava, etc. Horas depois estava acabdo, mas bem na hora em que fechava o correio. Roberto Carlos continuava no videogame e o Rei estava voltando de um cochilo. Expliquei que precisava entregar a carta no dia, senão não tinha mais volta. Vai que ela arruma outra coisa melhor, uma diversão, um amigo, um noivo, um namorado, marido, filhos, outra mulher, sei lá. Não podia perder tempo. Tinha que ser naquela hora, sem mais um minuto de espera. Mas como chegar a tempo? Meu carro não existia, Roberto Carlos veio correndo e o cavalo do Rei recuperava-se do esforço da viagem. O Rei prontificou-se a ir entregar no correio, mas, por algum motivo que hoje não consigo pinçar em minha memória, não confiei em sua agilidade. Era a hora de Roberto Carlos provar que servia para alguma coisa. Empolgado com meu olhar desconfiado para o Rei, Roberto dava corridinhas sem sair do lugar, um aquecimento frenético que marcou sua carreira.

-Você vai lá pra mim então?
- Vou. Deixa eu só arrumar a meia...

E ele está morando comigo agora. Desde que largou o videogame e voltou a mexer na meia, Roberto Carlos não saiu mais do lugar. Bebe umas coisas, come outras poucas, mas segue ajeitando o meião. Atendo seu celular várias vezes no dia, recebendo propostas que combinamos não comentar. Sobre sua volta aos gramados, nunca chegou a responder.

A carta? A carta chegou com um pouco de atraso, já que o Rei foi caminhando até o correio...



Ouvindo: Mutantes - A Hora e a vez do cabelo crescer

Wednesday, July 19, 2006

Essa é pra você, que sempre foi alucinado por grandes emoções

Assopro a fumaça na porta de vidro grosso e ela se rende à sua dureza: desfila sobre sua superfície, acariciando sua frieza. E é nessa fumaça que eu saio pelo pátio de automóveis até chegar à escada de uma OAB. Sento-me no último degrau, levado pela fumaça, desta vez do primeiro Marba da minha carreira. Lá está Poco Loco, Zé Preto, Kawasaky e Dodô, saindo no meio de mais uma balada pra cuspir na escada entre um cigarro e outro. Na próxima tragada, volto para o vidro, onde vejo meu rosto sendo agora acariciado à distância pela fumaça que insiste em sair. Giro o tunning da minha cabeça, mas dessa vez sem pular as estações evangélicas e outras podreiras do dial. Lembro-me de filmes heóicos nos quais nunca atuei, nem mesmo tentei o casting. Páro em algumas telas de cinema, mocinhas agarrando-se às mãos dos namorados enquanto luto contra Bruce Lee ou Bolo Yeung. Chato demais para um senhor que passou muito pouco perto de ser jovem ou velho. Saio das telas e caio no meio do interior bravo de SP: cinco minutos de bar e uma briga toma a cena. Cinco contra um é coisa de cuzão, mas dizem que o cara mereceu. Passeio por dias em uma terra de pouca gente e esperança. Conheço um primo que afirma ter perdido a linha, com carretel e tudo. Empregos "eigt-to-five", que paguem qualquer coisa, são o que há de se agarrar nessa vida. Reencontro um primo, outro, de minha idade, balconista de supermercado. Lembro-me dele brincando de trapezista com um rolo de serpentina, festa que durou até sua mãe mandar um pé de havaianas certeiro em sua boca. Hoje ele me diz que quer ser bombeiro, enquanto volto minha atenção e meu corpo para hoje. Sonho com sacoleiras e ônibus frios, sapateiros apressados em suas bicicletas fora da lei. Rolo na cama, pensando em mais um cigarro e sua fumaça que me carrega pelo ar..............

Ouvindo - Racionais MC´s 12 de Outubro

Tuesday, July 11, 2006

Passou pela minha cabeça matar mas eu não matei

Dois corvos bem pretos pousavam nos ramos altos do mato que tomavam posse da praça. Se existem corvos no Brasil? E em São Paulo? Foi bem o que eu me perguntei mesmo,mas não sabendo o nome deles, preferiu chamar de corvos mesmo. Depois de breve interrupção em seus pensamentos fixos e obstinados, continuou sua caminhada, ora firme, ora relutante. Era a primeira vez. E não fazia aquilo por fama, dinheiro, mulher e pó. Fazia porque era um legítimo preibói forgado, cansado de não saber mais o que pedir pro papai ou comprar com seu Amex Unlimited. Era isso mesmo, sede de aventura, sangue nos óio, ver qual era a reação deles, se teriam coragem de apagar pra sempre sua existência, mandá-lo pra casa do caraio. Racha não tinha mais graça, bater em traveco muito menos. Brigar com polícia já tá fora de moda, tem muito mais gente com muito mais talento pra isso. Continuou sua caminhada, estava a poucos metros do banco. Bem vestido, cabelo da moda, óculos grandes de armação grossa, como manda a muderrrnidade e passo largo. O oitão fora comprado há pouco lá na São Remo, na boca do Rogerinho. Duzentos e cinquenta contos e é claro que aproveitou pra pegar dois papel, um pra antes e um pra depois do trampo. Pediu licença, cheirou o papel inteiro, como de costume e saiu. Caralho, duzentos e cinquenta paus por um trinta e oito velho, de numeração raspada e duas balas? Duas balas?
- Se você precisar das duas você tá fodido. Aliás, se precisar de uma, tá fodido!*
O alvo era o Banco do Brasil e a hora era aquela. Pouca coisa passava por sua cabeça naquela hora: porque o Brasil saiu da Copa, será que minha mãe morre dessa vez, será que o carro novo saiu da concessionária? Olhou de relance para os corvos, como numa despedida silenciosa de duas espécies que se entendem sem pensar. Chegou na porta do estabelecimento e avistou o primeiro inimigo, uma guarda gorda, negra de dreadlocks nos cabelos. Iguais ao que tinha feito no último verão. Contou mais dois guardas, ambos no térreo. Ficou fitando e pensando em nada por uns bons minutos e rapidamente resolveu recuar. Não sabia ainda se queria matar e resolveu roletar o revólver, daí não seria culpa dele. Roleta russa, sabe como é? O cara deu azar de cair na vez dele. Olhou para o chão e viu lama em seus tênis. Não é de bom tom assaltar um banco com os pés sujos de lama, pensou, enquanto procurava uma poça d'água para limpar os pés. Agora era sério. Entrou na agência com cara de quem quer pagar uma continha, no máximo duas duplicatas. Encarou a giratória com esse espírito, imaginando a cena do guarda pedindo pra colocar na caixinha qualquer objeto metálico que estivesse portanto. Bullshit, a porta era uma merda e o seu companheiro passou juntinho com ele, preso na cintura da calça, nas costas, como sempre sonhou. Subiu o lance de escadas e entrou na fila, eram dezessete a sua frente. Esperou calmamente até chegar sua vez, observando um atendente em particular, meia idade, olhos azuis bebê e cabelos bastante grisalhos. Perfeito para um galã de novela das oitos, já que Tarcísio Meira e Antônio Fagundes enfim concordaram em fazer papéis adequados à idade. Filhos? Talvez quatro, duas meninas, esposa bonita e dedicada. Salário baixo, horas extras além da conta. Um homem comum, batalhador, que não mereceria aquilo.
Mas...E se? E se ele nem tivesse família? Ou se ele espia as filhas enquanto tomam banho pensando na amante que encontra todos os domingos na praça Bendito Calixto? E se ele for um dos meus? E se eu parar de pensar? Sentia um certo cagaço, enquanto o penúltimo homem a sua frente ouviu "próximo"! Foda-se. Era ele ou ele. Pediu em silêncio para alguém que o estivesse escutando que não fosse aquele caixa que o atendesse. Uma gota de suor rolava de sua testa, fazendo o peso e o barulho de uma bola de boliche. "Próximo"! Caralho, era ele. De cabelos grisalhos e tudo. Colocou a mão nas costas e fechou os olhos. Segurou o oitão, colocou o dedo no gatilho, nunca tinha pensado que fosse tão duro de apertar. Continuou de olhos fechados, segurou mais firme no gatilho e apertou. Clic. O caixa, com uma voz serena, só o que faltava para ser galã, continuou seu trabalho:
- Sua vez, senhor.
Abriu os olhos e disse "pois não", enquanto tirou o revólver da cinta, colocou diante da têmpora e apertou o gatilho. Era a sua vez na brincadeira e não teve medo de brincar.
Tiro. Barulho. Gritos.

* O Homem que Copiava

Ouvindo: Consciência X Atual - Contos do Crime - Grupo de rap de Ribeirão Preto. O título do post é o mote da música em questão

Thursday, July 06, 2006

Mais luz.....


E não é que as coisas começam a clarear?
Temos até leitora nova no blog, espero que apareça mais vezes.
Hoje rolou uma coisa que eu acho melhor que lasanha (Garfield rules): beijo na trave. Tem vezes que é melhor que beijo completo, até o final. Sei lá, dá a idéia de tentação, de que tem mais de onde saiu. E com beijo na trave é que tudo começou. Quem sabe se, com beijo na trave, tudo recomeçará?

Prometo ao papai do céu que os textos herméticos estão saindo de circulação, outfashion, demodê. Em breve presenciarão a volta de antigos personagens como Miguel, o incrível urso russo verde, Serginho, a viagem do Anão Cabeludo etc. E é claro que teremos novos personagens e suas histórias incríveis, chocantes e qualquer outro adjetivo que quiser colocar aqui.

Ouvindo: Timeless - Sergio Mendes (é o nome do álbum, são várias mixagens de música brasileira como "Mais que nada", "Bananeira não sei", etc com hip hop do mano do Bréc Ái Pis. Recomendo!

Wednesday, July 05, 2006

Fiat lux

Pois é, agora ficou branquinho. Claro e iluminado. O blog de uma leitora só. Assim sendo, posso usar o espaço só pra falar com ela. Será?

Cansei....

Cansei de te machucar. Parei. Foi demais e eu sei disso. Posso dizer que eu não queria tê-lo feito. Covardia? Sim. Então não falo que foi sem querer. Mas foi por querer? Foi? Sei lá, só quero dizer que parei. A mão que afaga é a mesma que bate. Cortei fora a parte que bate e vivo pensando em como afagar. E se você não quiser, eu não vou colar a parte que bate de volta. Guardo os afagos para um encontro futuro. Se você não quiser mais os beijos, guardo todos em uma caixinha e mando entregar na porta da sua casa. Quem sabe um dia você tropeça neles? E se não tropeçar, se eles não chegarem até você, que fiquem por lá mesmo, esperando um dono. Admiro sua raiva, um sentimento que eu queria ter mais em minha vida. Queria levar um tapa na cara pra acordar um pouquinho. E aliviar sua raiva. E quando a raiva passasse, tudo seria amor de novo. E se não passar? Pelo menos é melhor que a indiferença. Se você conseguir me matar de verdade nem faço BO nem coisa parecida. Justiça seja feita àqueles sem coração.

Ouvindo: AC/DC - Let there be rock

Tuesday, July 04, 2006

E o Rei passou por aqui, não é mesmo?

Pois é, não achava que o Rei me estimava tanto e que um dia ia me escrever. Mandem dizer ao Rei que eu responderei em breve a ela. Digam que descobri tudo sobre a música, já foi gravada, e faz tempo. Mas achei bonita mesmo assim. Mandem dizer que estou ainda pensativo, sem saber bem como fazer, mas que, em breve, sua resposta chegará. Onde estão os súditos de nosso Rei? Quem vai pagar uma de mensageiro? Preciso voltar pro meu videogame.

Ouvindo: Ramones - I wanna be sedated

Monday, July 03, 2006

Carta importante que acabei de receber agora há pouco

Tinha te prometido fazer uma música em nome dela. Já terminei a primeira estrofe. Mas preciso falar um pouco antes...Porra, bicho, fazia tanto tempo que a gente não se via que nem liguei muito pro que aconteceu no jogo. Faz tempo que eu parei com o futebol, assim como deixei de lado muitas outras coisas que eu gostava nessa vida. Mas assistir a Copa do Mundo com você não dava pra negar. Lembro como se fosse hoje o dia que você foi me ver no Pacaembu, era a minha volta triunfal e ver você, amigo, lá na beira de toda a ação e tirando fotos, foi algo que me tocou muito. Esquece a França, bicho, vai agora com força em busca daquilo que você sempre quis. Eu sei que a gente se engana, tenta convencer que nãoq uer mais isso, que nunca suportou aquilo outro, mas acho que no fim isso tudo é medo mesmo. Medo de mostrar quem somos, que somos fracos, às vezes, mesmo tendo sido forte em tantas outras. Você me contou quando fomos pra Santos, nossa primeira viagem juntos. Ao sol daquela estrada você disse que achava que não tinha mais forças, que seu coração não era mais o mesmo, que já tinha suportado coisas demais e que não tinha forças nem pra chorar. Pois é bicho, mas eu me lembro muito bem de como seus olhos brilhavam quando falava dela. Do quanto era linda, quanto te agradava e te amava. Do quanto ela te fazia feliz, da única fonte de carinho quase incondicional. Falou que ela era quem te fazia acordar, quem te dava vontade de almoçar e sair pra rua enfrentando o que viesse. Sim, você falou isso, e eu percebi que você sentia. Mas no último domingo eu te vi diferente. Seu olhar está mais perdido, busca em qualquer e todo lugar algo que perdeu e te faz falta. Eu sei que você finge que não, que está tudo ok. Mas eu vivi essa saudade por muito tempo da minha vida e, depois de tanta coisa, me dê a chance de um conselho: seja verdadeiro. Você só deve satisfação a você mesmo e as coisas que lhe competem só se realizarão quando você tiver os culhões de ir atrás. Eu mesmo perdi tanto tempo repelindo as pessoas, inventando desculpas como a cor da roupa ou vícios comuns que todos têm e, vê só, estou aqui, com você como meu quase único amigo. Pára com essa mania de jogar fora tudo o que te faz feliz. Vai lá buscar sua felicidade, acho que tudo tem explicação. Fala pra ela o quanto você errou, o quanto você cresceu e como você quer transformar tudo isso em felicidade. Explica pra ela que aquela flor foi o melhor presente do mundo, um balde de água gelada em cima do moribundo que rola na cama sem querer levantar. Fala pra ela que você ainda a ama. Mesmo que seja tarde demias. Mesmo que o tempo tenha criado um espaço instransponível entre vocês dois. Como dizia um amigo meu, tente outra vez. Se for tarde demais, paciência. Pelo menos tente mostrar seu amor, mostre pra ela o que você me mostrou no domingo, em meu show, e, se conseguir, mostre pra ela a pessoa que me conheceu nas curvas da estrada de Santos. Era isso que eu queria dizer pra você bicho. Siga em paz. Segue a primeira estrofe da música. Quando eu terminar, pode deixar que eu te mando.
"Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim"

RC

Ouvindo: Roberto Carlos - As curvas da estrada de Santos

Tuesday, June 20, 2006

O JUCA se foi.....

E fomos campeões no basquete. E eu ganhei um beijo. Tá certo que foi um só, no cantinho do dedo indicador esquerdo, mas foi.
Tudo terminou ao som de Pacal na praça em frente...Do Perequê á Enseada.
Sempre falei sobre a frase "don´t waste your time on jealousy". Acho que estou desperdiçando um pouco da cota que acumulei esses anos todos. Tenho vontade de comprar um litro de Detefon e tochear pelo quarto todo pra ver se o perfume novo some de lá. Acho que hermético é realmente a palavra. E "aquilo que eu tinha" é foda.

Beijos para nossos espectadores e um dia eu juro que escrevo coisas melhores e mais acessíveis.

PS: Encontrei o menino do post anterior e ele disse que já está tudo ok. Não está mais calado e disse que até já achou uns olhinhos verdes onde investir suas energias.

Ouvindo:Papos chatos em um labri lotado - Domínio Público

Wednesday, June 07, 2006

Quase diálogo

- Eu já falei que não é mais pra fazer essas coisas, seu moleque!
- Mas...
- Quantas vezes eu tenho que repetir?
- É que...
- Você não tem conserto mesmo!
- Eu não...
- Você ainda vai pagar por isso, menino!
- É que eu só queria...
- Cala a boca, moleque!

E ele calou. Foi pro seu cantinho, abaixou a cabeça e calou.

Se foi pra sempre que ele calou? Sei lá, ele não responde...

Ouvindo: Novos Baianos - Preta Pretinha

Tuesday, June 06, 2006

Dos tempos antigos...

... que fui confeiteiro em Saravá, pequena cidadezinha no interior longínquo do fim do mundo. Estava só passeando. É, foi isso, tinha saído pra comprar um Marba. Mas não tava fugindo de casa não, era só pra comprar o careta e voltar. E andei. Parei pela primeira vez logo naquela esquina lá perto de casa. Um grupinho jovem revolts discutia. O clima esquentava enquanto garotas baixinhas de saias e botas gritavam sobre o que ele tinha feito com ela. Que ele não prestava, tava fodido. Outras baixinhas de muito rímel gritavam Pára Pára enquanto os vidros cediam aos doces pedidos das mocinhas.

Continuei andando, hipnotizado pelo desejo do maldito. Andei pela cidade descendo avenidas e subindo alamedas, olhando o passo apertados das solas velhas por aí. Subi em ônibus, carros e caminhões. Certo caminhoneiro me disse que lá onde ele ia tinha o que eu queria. E muito mais. Resolvi descer, com medo de achar tudo e não querer mais nada. Segui por outras estradas, menos movimentadas, voltava parta outras mais congestionadas. E um dia parei. Avistei uma vendinha com a propaganda do que eu queria. Pedi. Paguei. E li o anúncio: precisa-se de confeiteiro. Aceitei e virei o confeiteiro oficial de Saravá.

A rotina era simples e o turno era leve. Alguns doces pela manhã, bolos à tarde e sonhos no final do dia. Seu Quim estava feliz. Doces, bolos e sonhos para todos. E o bolso enchendo. Confeitava e pensava sobre a casa, a esquina e as alamedas e as avenidas. Lembrava dos raros sorrisos e da pouca conversa. Os olhares escapavam alcance, até mesmo da memória. Pensava ser melhor assim, enquanto comia mais um sonho, só pra experimentar mesmo. Os doces não caíam mais tão bem. Os bolos eram feitos sob medida, longe da criatividade um dia apresentada. Mas era aquilo que queria. Saravá sempre foi conhecida pela sua hospitalidade, todos dispostos a acolher um novo amigo. E assim fui ficando por lá, criando uns cabritos e umas galinhas. Ganhando dinheiro suficiente para fumar uns cigarros e dar uns passeios na praça.

E foi de repente (pelo menos é assim que os nativos contam)... estava fazendo um bolo, daqueles de noiva, bem enfeitados e coloridos. O aroma de baunilha exalava a felicidade dos noivos. O carro do bifê já estava na porta da vendinha, esperando pela arte final. Parou. Parei. Olhei pros lados e vi que não tinha mais cigarros, nem no bolso nem na vendinha. E saí. Comecei andando por Saravá, lá pertinho do fim do mundo, ônibus, estradas, avenidas e alamedas... E a mesma menina gritando: Pára!

Ouvindo: The Doors - Waiting for the sun