Friday, May 25, 2007

E só quem é vai sentir...

Você me conhece? Pessoalmente? Além de pessoalmente, ainda podia distinguir o caráter? E o compotamento? Isso te dá alguns pontos de vantagem ao ler este texto. Conheces-me só de leitura? Acho que ainda estás habilitado a chegar até o final...
Hoje foi um dia mau. Acordei mal, tive um sonho ruim. Não diria que foi um pesadelo, pois não haviam figuras bizarras nem mesmo obscuras, quanto mais assustadoras. Foi só um mau sonho, daqueles que aparecem pessoas que não são benvindas (bem-vindas, bienvenidas, welcome ou qualquer outro jeito de escrever isso). E essas pessoas dizem coisas indesejadas. E o cenário é também indesejado. Dá-me um pouco de medo, mas logo penso, qual a diferença entre isso e um pesadelo? Esquece. O que eu queria contar mesmo é o que aconteceu depois disso. Por isso que eu queria saber logo no começo quem me conhece ou quem só sabe de quem se trata. Acontece que hoje eu acordei com a cueca torta. Sonhei coisa ruim, acordei derrubando as coisas, levei um sabão da mulher que estava dormindo ao meu lado. Sempre achei uma merda quando o meu irmão mais novo acordava desse jeito. Ficava de um jeito tão chato que lembra-me uma expressão da minha mãe: "um cu pra conferir". Hoje me peguei desse jeito. Conto os dias da minha vida em que estive tão cuzão, mas peço que entendam, isso acontece de vez em quando. Fico sério algumas vezes na minha vida.

*Ouvindo: Racionais MC´s - Vida Loka II - trechinho da letra: Eu digo glória, glória, sei que deus tá aqui, e só quem é, só quem é vai sentir, e meus guerreiro de fé, quero ouvir, quero ouvir... E meus guerreiro de fé, quero ouvir, irmão... programado pra morrê nóis é, certo é certo, é crê no que der...

Thursday, May 10, 2007

Roberto Carlos, o Rei

Eu queria escrever sobre muitas coisas, histórias bonitas e divertidas sobre o que anda acontecendo em minha vida. Mas tá difícil, as idéias aparecem e somem da minha cabeça antes que eu possa fixar qualquer coisa que possa virar um texto. Queria principalmente falar nesse momento sobre o tráfico de informação, de como uma notícia voa de Braga para o mundo em alguns minutos. Mas deixo o tráfico pra quem é do crime e publico um texto escrito em parceria com meu amigo Thomaz. Foi uma matéria feita pra um jornal laboratório da universidade, entramos no show do Roberto Carlos no Pacaembu, com credencial de imprensa, livre acesso ao estádio e, para completar, uma faixa azul com o nome do Rei escrito em prata. Hoje não sei como seria minha (nossa) abordagem do show, mas fiquem com a versão publicada...

Hey, hey, hey, Robertão é o nosso rei!l

- “Nossa, já estou até sem voz!”

Imediatamente olho pra trás, preocupado com a moça de quase trinta anos que acaba de falar com a amiga. Não que fosse uma frase anormal num show no estádio do Pacaembu, mas não se espera isso ainda no meio da primeira música.

Tudo bem, penso, a expectativa é realmente enorme: muitos que estão aqui, em pé ao meu lado na arquibancada, nunca chegaram tão perto de Sua Majestade. É que o Rei e cantor Roberto Carlos não costuma fazer shows a preços populares, o que torna essa data especial para muitos fãs - a “primeira vez” com o ídolo. E olha que nem era tão perto assim: para quem pagou os 10 reais do ingresso promocional, não ficou a menos de 100 metros de distância do palco.

Roberto Carlos parece conhecer bem o seu reino. Sabe porque aquelas mulheres estão ali e por isso não perde tempo na introdução do show.

- É um prazer enorme... – o Rei dá uma pausa, esperando o grito generalizado vindo das arquibancadas diminuir – rever vocês. Eu queria falar tanto antes de começar o show, mas eu prefiro falar cantando...

A seqüência de sucessos do Rei foi satisfazendo pouco a pouco cada uma daquelas 35 mil pessoas que presenciavam o espetáculo. Desde as tradicionais canções românticas até a época da jovem guarda, seus clássicos eram comemorados pelo coro das arquibancadas. Algumas poucas inovações garantiram aos espectadores que este não era apenas “só mais um show”. Ainda nas primeiras notas de “O Calhambeque” (bi-bi!) surgia no palco um Cadillac vermelho inflável, contracenando com o dono da festa.

Quando o Rei começa a chacoalhar as cordas de um violãozinho, numa versão mais bossanova de “Detalhes”, o público se extasia, e não deixa de agradecê-lo em alto e bom som. No alto da arquibancada, uma mulher conversa com seu ídolo quando ele canta o verso “se um outro cabeludo aparecer na sua rua...”. Como se o Rei pudesse ouvir seu chamado, ela grita:

-Não, Roberto. Não vai aparecer mais nenhum. É só você!

Outra fã, com cerca de 50 anos, vibra com as músicas de Roberto Carlos. Levanta as mãos para o alto, como que agradecendo a oportunidade que há tanto tempo esperava. Depois de cantar três músicas consecutivas, sua respiração procura em vão voltar ao normal, pois logo começa uma outra canção, desta vez mais lenta:

- Ai, que bom, pra dar uma acalmada...

Doce ilusão: era “Emoções”, um dos maiores clássicos do cantor.

- Ai meu Deus, eu estava com essa música na cabeça!

E eis que recomeça o culto: ela dança, pula e canta, elétrica, sempre com as mãos para cima...
Ao contrário dos Estados Modernos, nosso Rei é cultuado muito além das fronteiras nacionais. Roberto Carlos é o único artista latino-americano a vender mais discos do que os Beatles, com mais de 70 milhões de cópias em todo o mundo. Ele já cantou ao lado do tenor Luciano Pavarotti em Porto Alegre e tem em sua lista de fãs astros como Julio Iglesias e Frank Sinatra. Segundo uma reportagem do New York Times, “o que Pelé é para o futebol, Roberto Carlos é para a musica brasileira”.

Já na saída do estádio, subindo a ladeira que dá acesso ao metrô, um grupo de senhoras segue proseando sobre as maravilhas do show. Nem mesmo a distância do palco impediu-as de aproveitar os minutos com o Rei. “O importante é que emoções eu vivi”, parece ser a conclusão.

Mas para quem gosta de mais “Detalhes”, os súditos de Roberto Carlos prepararam “uma oportunidade única de lazer para um grupo seleto”, segundo a definição do projeto Pra Sempre em alto mar. Um cruzeiro de quatro dias pelas praias do sudeste do Brasil, a bordo de um suntuoso transatlântico de 14 andares, com direito a um show mais intimista de Sua Alteza. Para entrar nesta corte, basta ter a nobreza – pode ser à vista ou em três vezes – equivalente a 950 dólares por passageiro.

Ouvindo: MV Bill - Traficando Informação

Friday, May 04, 2007

Aveiro II - A Missão

Daqui a pouco saio de viagem de volta a Aveiro, agradável cidadezinha litorânea do centro norte de Portugal. Há pouco mais de um mês estive no mesmo local, gostei e, por isso, volto. Muita coisa mudou desde então, as companias são diferentes, as circunstâncias são diferentes. Troco o camping por hospedagem em casa amiga. As coisas estão tão malucas e a passar tão depressa que acho que isso refletiu no Brasil. Acabei de saber que meu irmão mais novo, que já nem é tão novo assim, recebeu um telefonema em casa de "um de seus outros dois irmãos", direto de um "cativeiro" em São José dos Campos. Esse golpe do falso sequestro está cada vez mais comum em meu país, o que me faz triste e desanimado com a volta. Agradeço a alguém especial por fazer bandidos tão burros que chutam um nome qualquer e que voltam a ligar para o mesmo lugar com uma história diferente... Quer ser bandido do crime, tem que meter a mão no cano, por a cara, tomar a grana na cara dura, olho no olho. Sem essa de "bandeide do creme", que pega no telefone e acha que vai rodar a banca com golpinho barato.

Ouvindo: Dessa vez vai ter que rolar uma lista das músicas que estão a tocar na minha cabeça o dia todo, cada uma faz muito sentido e a resposta pode estar em qualquer lugar, seja no refrão, seja em uma pequena frase, seja na idéia da canção...
The Offspring - Jennifer Lost the War
AC/DC - Little Lover e Can I Sit Next tou You Girl
Ultraje a Rigor - Independente Futebol Clube
Spin Doctors - Jimmy Olsen´s Blues
Deep Purple - Speed King
Racionais MC´s - Estilo Cachorro
Ratos de Porão - Só Pensa em Matar (essa é pros tais "sequestradores")