Tuesday, March 31, 2009

Cidadão Boilesen: to com raiva da ultragaz

Bode Expiatorio:O bode expiatório era um animal que era apartado do rebanho e deixado só na natureza selvagem como parte das cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação, à época do Templo de Jerusalém. Em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar a culpa de uma calamidade ou qualquer evento negativo. A busca do bode expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas.

Estou com raiva da Ultragaz e, antes que venham com deduções obvias, nao é por causa da musiquinha irritante dos caminhões que ja deve ter acordado cada um de voces pelo menos umas mil vezes. Tenho uma raiva que descobri a origem hoje, mas que remonta a tempos em que não era preciso musica para vender 32 mil botijões de gas por dia em Sao Paulo. Assistindo a uma sessão do Festival "é tudo verdade", descobri o diretor do Grupo Ultra, Henning Albert Boilesen como colaborador (em maior ou menor grau, de acordo com os acusadores e defensores) direto do regime ditatorial militar.

O Grupo Ultra, além de possuir uma linha direta com a Petrobras para a compra de GLP a preços e condições que nem sua mãe ofereceria, era encabeçado por um senhor dinamarques, naturalizado brasileiro que chefiava a turma da "caixinha", que reunia-se as quintas-feiras no assombroso edificio numero 1313 da Avenida Paulista para angariar fundos para o melhor andamento da repressão policial aos terroristas de esquerda.

A patota da caixinha, chefiada pelo então ministro da fazenda Delfim Neto, enchia um abandeja de prata com cheques destinados ao financiamento da Operação Bandeirante, além de prestar apoio material através de doação de equipamentos e tecnologia para os cabeças do DOI-CoDi.

O cidadão Boilesen, reconhecido pelos entrevistados pelo seu espirito esportivo, temia a fundo o caos e a barbarie que ameaçavam o pais, refletidos na figura dos comunistas e subversivos, colocou-se com seu espirito competitivo e uma metralhadora em punho ao lado dos milicos que arquitetaram o plano executado em 64.

Parece que o cidadão levou tão a sério sua luta para defender seus direitos que passou a tomar gosto pela punição daqueles que ameaçavam o futuro da nação, participando de sessões de tortura e alcançando o requinte de inventar um aparelho de tortura que se tornou a "coqueluche" de seus companheiros da Rua Tutoia.

Com o apoio de Boilesen e muitos outros que não mostraram tanto a cara, agora era possivel torturar terroristas de maneira metodica e cientifica, indo somente até o limite da capacidade do acusado de suportar as sessões, incrementadas agora com a engenhoca trazida pelo cidadão, acionada por teclas que descarregavam correntes em diversas intensidades. A invenção rendeu uma homenagem ainda maior que a rua no Butantã que leva seu nome: ficou conhecida nos porões como a "pianola Boilesen".

Certa vez, ao receber um premio de empresario do ano, Boilesen comentou com um amigo que aquilo não era bom, era preciso ficar somente nos bastidores. Esquecido de sua convicção, o cidadão Boilesen passou a ser figura contumaz na sede do Doi Codi, reconhecido por muitos dos terroristas que por ali passaram e não demorou muito para o seu nome aparecer em uma lista negra assinada por Carlos Lamarca. Inicialmente condenado ao sequestro, o réu foi sumariamente julgado a revelia e a pena de morte levou apenas alguns meses até ser executada.

Por ironia, morreu bem ali perto do prédio onde encabeçava a caixinha. A Alameda Casa Branca, perto do 1313 da Paulista, o edificio da FIESP, foi lavada com o sangue do cidadão Boile e com o mesmo sangue foi lavada a alma de alguns dos muitos terroristas que não conseguem até hoje esconder a satisfação com o sacrificio do grande bode expiatorio.

Boilesen escolheu o bode dele, apontando nos comunistas a necessidade de limpar o pais dessa ameaça. Os comunistas sacrificaram seu bode em praça publica. Delfim Neto foi visto andando por ai recentemente. Alguém tem que pagar e todos torcem para não serem a bola da vez. E ja que dizem por ai, "antes ele do que eu", grito bem alto na rua toda vez que ouço a maldita musiquinha: eu odeio a Ultragaz!

Ouvindo: Roots Manuva - Witness