Já morei na Realindo Jacinto Mendonça, na Plácido Sarti, na Jordão Borghetti, na outra rua que nem por Deus eu consigo lembrar o nome, na Alameda Santos e, hoje, moro na Carlos Lloyd Braga. Já na Nacim Anis Mimessi eu fui só visita, mas nunca, nunca mesmo, tinha sido vendedor de cachorro quente. E agora sou. Tomo conta de um carrinho que transita por três pontos de Braga: Sabão Rosa, uma balada de muleque preibói, Populum, uma balada de adulto preibói e perto do estádio municipal, ambiente propício para as gravações de Velozes e Furiosos III.
O que eu lhes pergunto é: o que você faria por 120 reais por noite? Aguentaria um patrão chato, de vocabulário reduzido a palavras como foda-se, caralho e outros palavrões? Aguentaria um cara que não sabe pedir schisfaivavoire nem ao menos uma vez na vida? Aguentaria ouvir todas as frases que são dirigidas a você no modo imperativo? Aguentaria bêbados chatos a perguntar cadê o cardápio? Eu aguento. Quero que se foda, em dois dias de trampo pago meu aluguel.
A única coisa que me fode a cabeça é que o tempo não passa. Por mais movimento que haja, o intervalo entre as 22h30 e as 6h parece infinito pra mim. Enrolo mais um cigarro, como um cachorro quente feito bymyself (e é lógico que eu não ponho todos aqueles ingredientes nojentos que sirvo ao público), pergunto as horas, ganho uma ou outra garrafa de água que alguém oferece, por ser proibido entrar na balada com elas.
Mas quando o tempo insiste em não passar, saio debaixo do guardaçól e olho para o céu. Diferentemente do que tinham me dito, que o céu por esses lados abrigava diferentes estrelas, logo identifico o Cruzeiro do Sul e sei pra que lado ir, sei onde é minha casa, onde estão todos que hão de me receber bem. E olho mais um pouco para o céu, lembro-me de noites inesquecíveis, e por serem inesquecíveis que me lembro delas. Noites passadas a olhar para o céu, sendo ensinado, com o foco de uma lanterna, onde se encontra a constelação de Escorpião. Quem são as Três Marias. Mas me perco nos astros a procurar em vão sete(?) estrelinhas alinhadas na vertical, a maior em cima e a menorzinha, que quase não conseguia ver, no final da linha. Não acho. Desconfio que você as tenha roubado do céu e as tatuado em sua pele, deixando-me para sempre a ver estrelas, procurando por ti em algum lugar perdido do céu.
E você, o que faria por 120 reais por noite? Conta pra mim nos comentários...
Ouvindo: Racionais MC´s - Eu Sou 157
"Um é japoneis, o Kazu
Fica ali vendendo dog, talão Zona Azul
Cê compra um dog dele e fica ali no bolinho
Ele tem só um canela seca no carrinho"
O que é “puxa saco”?
10 months ago
11 comments:
eu, após enxugar as lágrimas de ler esse seu post, respiraria fundo (pra ter mais paciencia), compraria um Lindt e ia... viajar! lógico!
acho que eu compraria um livro mais para lêr quando chegar a casa as 6 da manha. Ainda que é boa idéia o que diz a Laura, guardá-los pra viajar.
Saudades e beijos pra os dois
e sao sete sim, porra!
Eu iria até aí experientar seu dogão. E, depois, podíamos tentar achar o escorpião aí em cima, durante um cigarro dividido.
Sem esquecer da estrelinha dos amantes.
Bem lembrado! Aquelas que só vejo de óculos.
ver estrelas não é marca registrada?
câmbio
Nope.
Cambio.
manda um dog aí pra mim, mano...
...que loucura esses seus rolês, hein!?...
P.s.: a rua que faltou é a Natalina Gardenghi Zarinello...êêê Sertãozinho...rs
Abraço, muleque!
É o que da ficar preso aos favoritos, perde-se muito do que ja foi feito. Parabens pelos textos. Vim por um link do Worm.
"na vida o que mais me chateia,
eh gente que vive chorando de barriga cheia,
eh gente que vive chorando de barriga cheia..."
hahaha
"se a igreja eh o ocio das massas, o trabalho eh o crack!"
leia um bom livro e para de reclamar da vida seu puto! recomendo pabo neruda: confesso que he vivido
abracos amigo!
diogo
(nao se mandei essa porra entao mandei mais de uma vez. azeite, ninguem le isso mesmo, hehehe)
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