Da janela do apartamento olho para o outro lado da rua e vejo uma mulher a mexer nos cabelos e fumar de maneira desesperada. Seu gato fugiu, não se sabe pra onde, sem deixar recados nem bilhetes e nem marcas de sua despedida. Em longas conversas regadas a vinho chego a compreender seus motivos, sua vontade de ver o mundo mais de perto, de ser aquilo que ele, e só ele, desejava. Passear, deixar de lado a vontade de outros e ser só um gato. Ser somente o gato. Talvez estivesse cansado de explicações, desculpas e outros pormenores e simplesmente resolveu partir sem dizer nada. Cresceu, tornou-se livre e independente, mas nunca mais será o gato que um dia todos adoraram. Caiu sua máscara, deixou de ser o fodão, deixou de ser o bamba, nunca mais será tão especial quanto fora antes. Para os outros. Para ele mesmo, será para sempre o rei de sua vida. Espero que um dia ele veja tudo o que queria e volte a miar embaixo dessa janela, pedindo perdão e requisitando de volta sua cama, sua comida e seu espaço dedicados. Estaremos todos de braços abertos quando chegar. Celine, Amandita, Dona Teresinha, Cintia, Seu Agostinho e, por incrível que pareça, até eu, pensamos baixinho: volta, César.
Ouvindo: AC/DC - Hail Caesar
O que é “puxa saco”?
10 months ago
2 comments:
Mancada pôr nomes de pessoas comuns em animais...certeza que foi por pirraça...rs
Nada. Ele leu Jubiabá e quis ser como Antônio Balduíno. Livre!
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