Thursday, May 10, 2007

Roberto Carlos, o Rei

Eu queria escrever sobre muitas coisas, histórias bonitas e divertidas sobre o que anda acontecendo em minha vida. Mas tá difícil, as idéias aparecem e somem da minha cabeça antes que eu possa fixar qualquer coisa que possa virar um texto. Queria principalmente falar nesse momento sobre o tráfico de informação, de como uma notícia voa de Braga para o mundo em alguns minutos. Mas deixo o tráfico pra quem é do crime e publico um texto escrito em parceria com meu amigo Thomaz. Foi uma matéria feita pra um jornal laboratório da universidade, entramos no show do Roberto Carlos no Pacaembu, com credencial de imprensa, livre acesso ao estádio e, para completar, uma faixa azul com o nome do Rei escrito em prata. Hoje não sei como seria minha (nossa) abordagem do show, mas fiquem com a versão publicada...

Hey, hey, hey, Robertão é o nosso rei!l

- “Nossa, já estou até sem voz!”

Imediatamente olho pra trás, preocupado com a moça de quase trinta anos que acaba de falar com a amiga. Não que fosse uma frase anormal num show no estádio do Pacaembu, mas não se espera isso ainda no meio da primeira música.

Tudo bem, penso, a expectativa é realmente enorme: muitos que estão aqui, em pé ao meu lado na arquibancada, nunca chegaram tão perto de Sua Majestade. É que o Rei e cantor Roberto Carlos não costuma fazer shows a preços populares, o que torna essa data especial para muitos fãs - a “primeira vez” com o ídolo. E olha que nem era tão perto assim: para quem pagou os 10 reais do ingresso promocional, não ficou a menos de 100 metros de distância do palco.

Roberto Carlos parece conhecer bem o seu reino. Sabe porque aquelas mulheres estão ali e por isso não perde tempo na introdução do show.

- É um prazer enorme... – o Rei dá uma pausa, esperando o grito generalizado vindo das arquibancadas diminuir – rever vocês. Eu queria falar tanto antes de começar o show, mas eu prefiro falar cantando...

A seqüência de sucessos do Rei foi satisfazendo pouco a pouco cada uma daquelas 35 mil pessoas que presenciavam o espetáculo. Desde as tradicionais canções românticas até a época da jovem guarda, seus clássicos eram comemorados pelo coro das arquibancadas. Algumas poucas inovações garantiram aos espectadores que este não era apenas “só mais um show”. Ainda nas primeiras notas de “O Calhambeque” (bi-bi!) surgia no palco um Cadillac vermelho inflável, contracenando com o dono da festa.

Quando o Rei começa a chacoalhar as cordas de um violãozinho, numa versão mais bossanova de “Detalhes”, o público se extasia, e não deixa de agradecê-lo em alto e bom som. No alto da arquibancada, uma mulher conversa com seu ídolo quando ele canta o verso “se um outro cabeludo aparecer na sua rua...”. Como se o Rei pudesse ouvir seu chamado, ela grita:

-Não, Roberto. Não vai aparecer mais nenhum. É só você!

Outra fã, com cerca de 50 anos, vibra com as músicas de Roberto Carlos. Levanta as mãos para o alto, como que agradecendo a oportunidade que há tanto tempo esperava. Depois de cantar três músicas consecutivas, sua respiração procura em vão voltar ao normal, pois logo começa uma outra canção, desta vez mais lenta:

- Ai, que bom, pra dar uma acalmada...

Doce ilusão: era “Emoções”, um dos maiores clássicos do cantor.

- Ai meu Deus, eu estava com essa música na cabeça!

E eis que recomeça o culto: ela dança, pula e canta, elétrica, sempre com as mãos para cima...
Ao contrário dos Estados Modernos, nosso Rei é cultuado muito além das fronteiras nacionais. Roberto Carlos é o único artista latino-americano a vender mais discos do que os Beatles, com mais de 70 milhões de cópias em todo o mundo. Ele já cantou ao lado do tenor Luciano Pavarotti em Porto Alegre e tem em sua lista de fãs astros como Julio Iglesias e Frank Sinatra. Segundo uma reportagem do New York Times, “o que Pelé é para o futebol, Roberto Carlos é para a musica brasileira”.

Já na saída do estádio, subindo a ladeira que dá acesso ao metrô, um grupo de senhoras segue proseando sobre as maravilhas do show. Nem mesmo a distância do palco impediu-as de aproveitar os minutos com o Rei. “O importante é que emoções eu vivi”, parece ser a conclusão.

Mas para quem gosta de mais “Detalhes”, os súditos de Roberto Carlos prepararam “uma oportunidade única de lazer para um grupo seleto”, segundo a definição do projeto Pra Sempre em alto mar. Um cruzeiro de quatro dias pelas praias do sudeste do Brasil, a bordo de um suntuoso transatlântico de 14 andares, com direito a um show mais intimista de Sua Alteza. Para entrar nesta corte, basta ter a nobreza – pode ser à vista ou em três vezes – equivalente a 950 dólares por passageiro.

Ouvindo: MV Bill - Traficando Informação

1 comment:

Anonymous said...

uia, acabei de passar 6 dias velejando de cartagena, colombia a san blas, panama. um veleiro de 100 anos, uma galera muito boa onda, bastante comida, bebida e ate o reinaldo aparecia com frequencia. um austriaco frito.
por 300 dolares... quase igual a ir ver o rei...

abraco jovem!

doigo