Monday, March 21, 2011

Pílulas do cotidiano na metrópole

Tem um carro parado no cruzamento, sem semáforo, só a faixa de pedestres mesmo. Uma mulher de cada lado da rua, prontas para atravessar. O motorista fala algo para menina que vem de lá. Linda, coisa gostosa, maravilha. O carro passa e vai embora. A menina que vem de cá entreolha a que vem de lá. 'Idiota'. 'Sem vergonha'. Cada uma elogia o motorista à sua maneira, se entreolham já de canto de olho. Nunca mais se verão.


Uma mulher velha, bem velha está parada dentro do ônibus, ocupa todo o espaço possível para quem entra no ônibus. Ela vai descer no quarto ponto a partir do começo da história. O moço entra apressado, porém, educado. Quer passar, a velha quer ficar ali parada. O moço xinga baixinho, esbarra propositadamente na velha. Quando o moço lembra do caso, a velha já desceu.


Um homem está sentado no restaurante, desses onde come-se o que se quer por um preço único. Senta-se e come tranquilo. Uma mulher aparece na mesa em frente, mas eram três mesas de distância entre os dois. Olham um para o outro alternadamente. Os olhares não se cruzam. Enquanto pensa em com eram bonitos os cabelos da mulher, derruba feijão em seu colo. Xinga em silêncio e pragueja, enquanto a mulher estende o braço pedindo a conta.


O moleque anda na rua distraído, cheio de som em seus ouvidos. Escuta seu mp3 player no volume máximo. O cachorro parecia quieto e calmo. O menino não faz menção de afastar-se do cão. Abruptamente, o cão dá o bote e trava a mandíbula na perna do moleque. O dono do animal aparece e culpa o menino pelo ataque.


Um homem sentado ao lado de um monte de lixo arruma seu isqueiro, testa, risca, risca, risca. Parece que agora funciona. Seleciona um pedaço de papel alumínio no meio da lixeira. O homem tem algo precioso bem seguro entre o polegar e o indicador da outra mão. Parece que vai fumar uma pedra.


Tem um homem parado no cruzamento. Depois de muito vacilar, resolve atravessar a rua, confiante no sinal fechado. Caminha decidido rumo ao outro lado da rua. Um carro passa e leva o homem aos ares. O homem cai desacordado. Duas mulheres viram a cena, cada uma de um lado da rua. As duas caminham em direção ao homem. 'Coitado'. 'Filho da puta'. A segunda falava do motorista, não do atropelado. Após testemunharem o acidente diante da polícia, cada uma toma seu rumo, certas de que nunca mais se verão.


Colaborações: você pode deixar sua cena nos comentários que eu publico aqui:


Um menino está bebendo uma breja com amigos na faculdade. Chega uma louca com uma bolsa e tenta seduzi-lo. O menino nega o beijo da linda desconhecida e toma 3 bolsadas na cara.


Três homens na 'cabine' de um caminhão estão transportando algum tipo de produto para abastecer algum tipo de comércio. Uma mulher desce a rua ao mesmo tempo que o caminhão sobe. Ao olhar sem pretensão alguma para o veículo, avista o motorista tapando a boca, o companheiro ao lado tapando os olhos, e o terceiro tapando os ouvidos. E o caminhão e a moça seguem seus rumos.


A mulher de meia idade chega sozinha ao bar. Vê duas lésbicas se beijarem e pergunta a um homem sozinho como ela se não quer fazer igual. Ele diz que não. A mulher de meia idade não se abala, pois mora ali do lado e só foi ao bar para encher a cara.

Ouvindo: Birdy Nam Nam - Love your Enemy

5 comments:

Marioninha said...

Um menino está bebendo uma breja com amigos na faculdade. Chega uma louca com uma bolsa e tenta seduzi-lo. O menino nega o beijo da linda desconhecida e toma 3 bolsadas na cara.

Bigode said...

Muito bem. Vamos propor uma edição via comentários?

Marioninha said...

Vamos!

Anonymous said...

Três homens na 'cabine' de um caminhão estão transportando algum tipo de produto para abastecer algum tipo de comércio. Uma mulher desce a rua ao mesmo tempo que o caminhão sobe. Ao olhar sem pretensão alguma para o veículo, avista o motorista tapando a boca, o companheiro ao lado tapando os olhos, e o terceiro tapando os ouvidos. E o caminhão e a moça seguem seus rumos.

Gisele Buendía said...

A mulher de meia idade chega sozinha ao bar. Vê duas lésbicas se beijarem e pergunta a um homem sozinho como ela se não quer fazer igual. Ele diz que não. A mulher de meia idade não se abala, pois mora ali do lado e só foi ao bar para encher a cara.