O amor escorria por entre as entranhas e se transformava em raiva antes mesmo de sair. Pedia para parar, mas não cessava escorrer, não cessava arder, cessava amar. A raiva tentava fugir pelo cantinho do olho, tentava tremer a mão. Tentava ele se controlar, os braços cruzados na frente do peito, a perna esquerda que dobra e desdobra, contrai e relaxa. Não, não relaxa. Tensiona até a última força. Suporta. Suporta o estardalhaço das meninas que almoçam em bom som. Gritam enquanto fofocam. Treme enquanto fofocam. Bufa, respira, engole. Seco. O telefone da garota ao lado toca em cima da mesa. Limite.
"Puta falta de respeito da porra, essa merda! Telefone do caralho, isso é o lugar do almoço, não é a puta da sua casa. Tomar no cu, caralho"
Resiste. O pensamento não se espalha. Analisa o quanto os complementos do sujeito dão mais valor aos seus pensamentos. Respira. Levanta. Sai.
Ouvindo: Motorhead - No Class
Trechinho: Shut up, you talk too loud! you don't fit in with the crowd...
O que é “puxa saco”?
10 months ago