A Derci morreu. Ninguém saberia estimar o impacto que foi a queda desse tabu, acreditava eu piamente que ela já tinha arranjado uma concessão nessa única lei de verdade que rege a nossa vida. Sua morte veio buscar um corpo velho e débil, mas hoje a senhora da foice já se recuperou do susto. As notícias correm por todos os canals da TV e fica difícil escolher se quero ver o tiozinho vereador apresentando o seu baiiro de base na TV Câmara ou se prefiro a simpática velhota da Gazeta mostrando a confusão paulistana com aquele olhar de vó repreensiva. Esses dias ouvi um senhor falar que o pó da Vila Natal não fazia mal para a saúde, só era uma pena que hoje está tudo asfaltado. O merchandising chegou em todos os níveis da televisão, tudo tem um espacinho para ser anunciado e todos querem anunciar. O inocente senhor talvez só falava mesmo da poeira que se acumulava pelo campo de várzea, mas na minha cabeça foi um nítido convite aos entendidos. Nem tudo são espinhos nessa imissão entre a propaganda e a tv, sintonizo o canal do boi e vejo ali desfilando toneladas de carne de primeira qualidade passando apressada pelo plano do vídeo. Quem já assistiu o Pica Pau consegue entender bem do que falo aqui. Mentira, não vejo um espeto de carne disfarçado de animal. Vejo também litros e litros de leite e um tanto bom de couro para vestir a familhagem. Maldade? Pode ser que sim, admito o argumento como fraco e pouco desenvolvido, mas explico rasteiro que o homem é mal por natureza e é ainda mais mal com o homem mesmo que com os bichinhos. Contratam-te por um dinheiro ridículo, te dão um cartãozinho que permitem o seu pasto, confinam-te em uma baia, onde não há mesmo muito espaço para movimentar-se. O resultado é um animal depressivo, sedentário, pouco saudável. De alimentação reduzida e imposta pelo dono do rebanho. Todos estamos dispostos a isso, contanto que um dia seremos aqueles que têm o pé dentro do sapato que pisa na cabeça do outro homem. Assusta-me o susto que tantos se pregam ao ver o homem pisando nos bichinho para satisfazer, quando não uma necessidade, um simples prazer. Alguém poderia explicar em torno do que gira a própria vida que esteja fora dessa órbita de prazer e necessidade? Finalizando a explicação rasteira, que poderá muito bem ser retomada pessoalmente,
eu/tu/ele/nós/vós/eles é mal e praticamos esse mal para garantirmos o que somos. Vejam "Pesca Mortal" no Discovery Chanel e vejam a maldade que um homem poder colocar em cima do próximo para pescar uns caranguejos gigantes. E os bichinhos nadando no fundo do barco, esperando a grande oportunidade de conhecer o ser humano, o privilégio máximo a ser buscado por um animal. Resumindo: se não gostas de Foie Gras, PETA pra ti.
Ouvindo: Racionais MC´s - Vida Loka 2
Pobre é o Diabo, eu odeio ostentaçao, pode rir, ri, mais não desacredita não, é só questão de tempo, o fim do sofrimento, um brinde pros guerreiro, Zé povinho eu lamento, verme que só faz peso na Terra, tira o zóio, tira o zóio, vê se me erra
3 comments:
Cadê os amiguinhos que falam que o texto é bom ou não? On n´a pas de copain... on est tout seul. Heureusement qu´on est tout les deux quand même!
Viva a carne e o foie gras!
nan moi j'ai lu...
Mouah!
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