Wednesday, September 05, 2007

Parabéns!

O cartão era escrito em letras de forma, pequenas e desenhadas letras de forma que marcavam o papel dos dois lados. O papel era comprado a bom preço, de gosto refinado dentre opções curiosas. Dizia mais ou menos assim, enquanto observado pela balconista:

Meu irmão,

Quero dizer-te o quanto sou feliz por estar mais uma vez ao seu lado, passando mais um ano com você. Sabes bem de tudo o que nos une, que nos faz fortes e que não nos deixa esquecer de casa jamais. Sabes bem da saudade que aparecia na minha cabeça com esse seu sorriso desarmador. Que sejas tudo o que sempre desejaste ser. Ainda acho pouco falar só isso, mas qualquer desejo de felicidade escrito em uma folha de papel vai parecer vazio diante disso.

Queria que o cartão tivesse mais espaço, ou que talvez o verso não fosse tristemente invernizado, recusando a tinta da caneta apertada sobre o papel. A ponta de seu dedo toma vários tons de vermelho, de acordo com a pressão. Terminara.

-Que um dia inventemos palavras que realmente significam o que queremos dizer. Tudo será mais fácil, desejar os pêsames, os parabéns, as desculpas.
- Tenho a certeza que amar será mais fácil também, senhor. Queres um envelope?

Ouvindo: Chico Science & Nação Zumbi - Samba Makossa