Tuesday, June 20, 2006

O JUCA se foi.....

E fomos campeões no basquete. E eu ganhei um beijo. Tá certo que foi um só, no cantinho do dedo indicador esquerdo, mas foi.
Tudo terminou ao som de Pacal na praça em frente...Do Perequê á Enseada.
Sempre falei sobre a frase "don´t waste your time on jealousy". Acho que estou desperdiçando um pouco da cota que acumulei esses anos todos. Tenho vontade de comprar um litro de Detefon e tochear pelo quarto todo pra ver se o perfume novo some de lá. Acho que hermético é realmente a palavra. E "aquilo que eu tinha" é foda.

Beijos para nossos espectadores e um dia eu juro que escrevo coisas melhores e mais acessíveis.

PS: Encontrei o menino do post anterior e ele disse que já está tudo ok. Não está mais calado e disse que até já achou uns olhinhos verdes onde investir suas energias.

Ouvindo:Papos chatos em um labri lotado - Domínio Público

Wednesday, June 07, 2006

Quase diálogo

- Eu já falei que não é mais pra fazer essas coisas, seu moleque!
- Mas...
- Quantas vezes eu tenho que repetir?
- É que...
- Você não tem conserto mesmo!
- Eu não...
- Você ainda vai pagar por isso, menino!
- É que eu só queria...
- Cala a boca, moleque!

E ele calou. Foi pro seu cantinho, abaixou a cabeça e calou.

Se foi pra sempre que ele calou? Sei lá, ele não responde...

Ouvindo: Novos Baianos - Preta Pretinha

Tuesday, June 06, 2006

Dos tempos antigos...

... que fui confeiteiro em Saravá, pequena cidadezinha no interior longínquo do fim do mundo. Estava só passeando. É, foi isso, tinha saído pra comprar um Marba. Mas não tava fugindo de casa não, era só pra comprar o careta e voltar. E andei. Parei pela primeira vez logo naquela esquina lá perto de casa. Um grupinho jovem revolts discutia. O clima esquentava enquanto garotas baixinhas de saias e botas gritavam sobre o que ele tinha feito com ela. Que ele não prestava, tava fodido. Outras baixinhas de muito rímel gritavam Pára Pára enquanto os vidros cediam aos doces pedidos das mocinhas.

Continuei andando, hipnotizado pelo desejo do maldito. Andei pela cidade descendo avenidas e subindo alamedas, olhando o passo apertados das solas velhas por aí. Subi em ônibus, carros e caminhões. Certo caminhoneiro me disse que lá onde ele ia tinha o que eu queria. E muito mais. Resolvi descer, com medo de achar tudo e não querer mais nada. Segui por outras estradas, menos movimentadas, voltava parta outras mais congestionadas. E um dia parei. Avistei uma vendinha com a propaganda do que eu queria. Pedi. Paguei. E li o anúncio: precisa-se de confeiteiro. Aceitei e virei o confeiteiro oficial de Saravá.

A rotina era simples e o turno era leve. Alguns doces pela manhã, bolos à tarde e sonhos no final do dia. Seu Quim estava feliz. Doces, bolos e sonhos para todos. E o bolso enchendo. Confeitava e pensava sobre a casa, a esquina e as alamedas e as avenidas. Lembrava dos raros sorrisos e da pouca conversa. Os olhares escapavam alcance, até mesmo da memória. Pensava ser melhor assim, enquanto comia mais um sonho, só pra experimentar mesmo. Os doces não caíam mais tão bem. Os bolos eram feitos sob medida, longe da criatividade um dia apresentada. Mas era aquilo que queria. Saravá sempre foi conhecida pela sua hospitalidade, todos dispostos a acolher um novo amigo. E assim fui ficando por lá, criando uns cabritos e umas galinhas. Ganhando dinheiro suficiente para fumar uns cigarros e dar uns passeios na praça.

E foi de repente (pelo menos é assim que os nativos contam)... estava fazendo um bolo, daqueles de noiva, bem enfeitados e coloridos. O aroma de baunilha exalava a felicidade dos noivos. O carro do bifê já estava na porta da vendinha, esperando pela arte final. Parou. Parei. Olhei pros lados e vi que não tinha mais cigarros, nem no bolso nem na vendinha. E saí. Comecei andando por Saravá, lá pertinho do fim do mundo, ônibus, estradas, avenidas e alamedas... E a mesma menina gritando: Pára!

Ouvindo: The Doors - Waiting for the sun