Por que o comunismo não deu certo. Muitos anos e pensadores desperdiçados a tentar descobrir uma das maiores perguntas da humanidade no final do século XX e a resposta era tão óbvia: o comunismo não deu certo porque eles não sabiam fazer festas. Explico: na segunda-feira encontrei um colega a colar cartazaes pela cidade, tudo na mais típica subversão. Vestia camiseta da Juventude Comunista Portuguesa e carregava um balde cheio de cola para pregar os cartzaes lambe-lambe. "Comemorações do dia 25 de abril - bláblábla, bláblábla, bláblábla - Música de Intervenção". O anúncio era tentador para uma cidade interiorana onde pouco se passa, onde em meu juízo não há ao menos espaço para loucuras como o comunismo. Decidi ir ao encontro, para saber como são os comunistas de cá, se vestem roupas velhas e usam barbas e boinas um bocado ultrapassadas. Vesti a única camiseta com tons vermelhos que tenho, a do SPFC, e parti junto com dois amigos, um com a camisa do PC do Bola, time de futebol do Partido Comunista Brasileiro e outro cabeludo, de cara espetada com piercings e alargadores que matariam qualquer avozinha do coração. Pois bem, chegando ao lugar da festa foi quando tive a luz em minha cabeça, fiz a grande descoberta. Era uma noite normal em um bar qualquer, o público era formado por, no máximo, 10% de comunistas e a porcentagem só foi tão grande por eu e mais outros estarem contidos sem querer nas contagens vermelhas. A comanda de consumo dava uma esperança, mas um tanto longínqua: 5ªa bebida grátis. Seria este o maior ponto que o comunismo iria alcançar naquela noite? A decoração do bar não chegava e ser duvidosa, era claramente de mal gosto, feita às pressas com uma faixa de plástico vermelho, alguns balões e poesias nas paredes. Logo descobri que a tal "música de intervenção" não passava de um chamariz para otários como eu. Festa de gente esquisita é sempre assim, colocam uns nomes complicados em coisas simples para dar mais crédito. Se vai haver um palhaço, dizem que "um ator vai dar um espetáculo de clown". Se há alguém a fezer estipolias, dizem logo que vai "haver uma performance". Música de intervenção é o caralho, o que logo vi por lá é que, tirando uma ou outra marcha vermelha, a música era a mesma merda que encontras nos CD´s "As Melhores da Pan" ou "Sucessos da Antena 1". O colador de cartazes, todo subversivo no dia anterior, aparece na festa com uma camiseta da Nike de dizeres totalmente opostos aos ideais de alguém que suja a cidade em nome do bem comum. Questionado sobre as bandas que desenpenhariam a "música de intervenção", respondeu "pelo que eu saiba, vai haver". Ninguém sabia de nada, todos estavam ali envolvidos por uma idéia que na prática era só um nome. Comunismo. Não havia garotas bonitas, não havia bebida farta, nem músicas boas, nem bandas, nem conversas, nem coisa nenhuma que atraísse mais alguém praqueles lados. Eles definitivamente não sabem fazer festas. Hoje entendo todo o leste europeu, os chineses e todo mundo que viveu sob o domínio do comunismo, se não souber fazer festa, a população, mais dia, menos dia, se aborrece e procura uma outra maneira de viver. Para mim estava fácil, era só caminhar até a casa. Antes do final o amigo cabeludo e da cara espetada olha fixamente para duas garotas que tentam disfarçar o desânimo com uma tímida dança:
- Eu ainda vou pegar as duas juntas!
Se isso acontecesse, seria o auge que o comunismo atingiria naquela noite. E olha que nem era tanta coisa assim.
Ouvindo: AC/DC - Hard as a rock
O que é “puxa saco”?
10 months ago