Monday, July 31, 2006

O baile

O convite dizia claramente, em letras bem grandes, com boa visibilidade e legibilidade: Baile de Máscaras. Não se podia dizer desavisado, juvenil, de pouca experiência: todos sabiam que seria um legítimo e eterno baile de máscaras. E lá fui pra te encontrar, imaginando em minha cabeça como você estaria, se bela como sempre ou qualquer fantasia de criança vestiria. Procurei pelo salão e você lá não estava, eu perdido em meio a Colombinas, Mulheres Gatos e coisas parecidas procurava mais um pouco dentro de cada sorriso pela sua essência. Tomei mais um pouco da bebida enquanto resolvia partir dali há pouco. Foi quando vi ao fundo do salão uma menina com um saco de papel na cabeça, com furos nos olhos e no nariz. Nada da boca. Fui embora enquanto pensava se era você. Onde andaria a máscara que tinha prometido fazer para nosso encontro? Fiquei feliz por ela não usá-la, encarando os mascarados como realmente era, sem enfeites e nem ilusões. Pero senti falta de ver, pelo menos de relance, seu sorriso.

Ouvindo - Raul Seixas - Loteria de Babilônia - Só um trechito: "Você não tem perguntas pra fazer, Porque só tem verdades pra dizer, A declarar"

Friday, July 28, 2006

Visitas confusas numa manhã de sexta-feira


E foi que eu abri a porta enquanto as crianças gritavam: "Ele chegou, ele chegou!". De camisa amarela, calça e meias azuis arriadas, lá estava ele, RC.
- Soube que mandaram uma carta pra você em meu nome...
-Pois é, o nome é o mesmo, mas não foi pra você não.

RC fez uma cara de desentendido, mas um pouco blasé também. Parecia nào acreditar que eu não dava bola pra sua importância. O suor escorria em sua testa, descendo da careca reluzente, sinal que tinha vindo correndo.

- Veio correndo, Roberto?
- Pois é, tava meio parado e resolvi agitar um pouco nas férias. Mas como assim, não era minha a carta? Meu empresário falou que tava tudo acertado, que eu podia vir aqui falar com você, você precisava de uns conselhos.
- Mas a carta não era pra você, era pro "Rei".
- Exatamente, Roberto Carlos, o Rei do Futebol! Eu!

Saí de controle por alguns minutos, rindo descompassadamente. As crianças não entendiam, estavam fascinadas pela presença e brincavam pelo chão desfiando a meia do pobre jogador. Depois de tomar uns doze copos d'água, voltei ao sério e tive que explicar:

-Até entendo que você seja o Rei, Roberto. Mas a carta que eu escrevi foi para o Rei Roberto Carlos, o verdadeiro rei da música.
-Ah... Acho que eu vou nessa então...

Dessa vez o descontentamento era mais nítido e não dava para segurar o ar blasé. Roberto Carlos estava chateado com a confusão e pela primeira vez em minha vida, vi nele uma expressão que era movida por sentimentos. Pedi que esperasse um pouco mais, pois precisava falar sobre coisas 'serias com ele. Enquanto tentava explicar o assunto, Roberto Carlos permanecia abaixado ajeitando seu meião, reclamando em resmungos sobre a malcriação das crianças. Ouvia minhas explicações de cabeça baixa, sem responder sobre nada. A aptroa chega na sala e grita: "É o Rei, é ele, ele chegou!".

Coloquei a cabeça na janela e vi ao longe um homem em um cavalo branco, vestindo terno e jogando rosas pelo caminho. Beijava-as, como em uma dedicatória, e jogava-as ao chão para a platéia que não tinha ido ao show. Aproximava-se lentamente de minha casa, enquanto eu pensava sobre o que fazer para receber dois reis em meu lar. Roberto Carlos desceu de seu cavalo e foi logo entrando, amigos que somos, e pedindo seu copo de água com limão. Café ele não tomava, quanto mais cerveja e coisas do tipo. Lembrei que o outro Roberto não havia sido recebido como devia e pedi que viesse uma dose de qualquer coisa forte pra ele também.

- Você por aqui? Pára de ajeitar essa meia e olha pra mim. Como você tá?
- Eu não consigo. Tô com vergonha. Mas eu tô bem, Roberto. É uma honra ver o senhor por aqui.

Continuaram com um papo ameno até que o verdadeiro Rei zangou-se com as fugas de RC. Disse que Rei do futebol é o caramba: "Pô bixo, depois do Pelé não tem pra ninguém. Muito menos pra você." Parecia que o Rei tinha lido meus pensamentos e o jogadorzinho estva agora dispensado. Mas pegou o copo cheio de pinga com limão e resolveu ficar, agora sentado na sala jogando W11 com as crinças.

Acontece que o Rei, Roberto Carlos, cantor e compositor, o verdadeiro Rei de verdade, tinha ido em casa para uma visita quase que comum. Mas ele queria mesmo é pegar a resposta da carta que ele tinha me mandado, dizendo estar triste com meu atraso. Roberto se dizia muito sozinho lá em cachoeiro do Itapemerim e resolveu encarar alguns dias no lombo de seu cavalo branco só pra saber o que eu estava pensando do assunto. Conversei com ele durante longas horas, expliquei toda a confusã que se passara em minah cabeça, ams disse que agora estava tudo resolvido. E já que ele já tinha ouvido, melhor seria escrever uma carta pra ela e dizer tudo o que tinha contado para o Rei. Peguei um rolo de papel para impressora matricial e comecei o texto dizendo tudo aquilo que era preciso dizer, o que meu coração mandava, etc. Horas depois estava acabdo, mas bem na hora em que fechava o correio. Roberto Carlos continuava no videogame e o Rei estava voltando de um cochilo. Expliquei que precisava entregar a carta no dia, senão não tinha mais volta. Vai que ela arruma outra coisa melhor, uma diversão, um amigo, um noivo, um namorado, marido, filhos, outra mulher, sei lá. Não podia perder tempo. Tinha que ser naquela hora, sem mais um minuto de espera. Mas como chegar a tempo? Meu carro não existia, Roberto Carlos veio correndo e o cavalo do Rei recuperava-se do esforço da viagem. O Rei prontificou-se a ir entregar no correio, mas, por algum motivo que hoje não consigo pinçar em minha memória, não confiei em sua agilidade. Era a hora de Roberto Carlos provar que servia para alguma coisa. Empolgado com meu olhar desconfiado para o Rei, Roberto dava corridinhas sem sair do lugar, um aquecimento frenético que marcou sua carreira.

-Você vai lá pra mim então?
- Vou. Deixa eu só arrumar a meia...

E ele está morando comigo agora. Desde que largou o videogame e voltou a mexer na meia, Roberto Carlos não saiu mais do lugar. Bebe umas coisas, come outras poucas, mas segue ajeitando o meião. Atendo seu celular várias vezes no dia, recebendo propostas que combinamos não comentar. Sobre sua volta aos gramados, nunca chegou a responder.

A carta? A carta chegou com um pouco de atraso, já que o Rei foi caminhando até o correio...



Ouvindo: Mutantes - A Hora e a vez do cabelo crescer

Wednesday, July 19, 2006

Essa é pra você, que sempre foi alucinado por grandes emoções

Assopro a fumaça na porta de vidro grosso e ela se rende à sua dureza: desfila sobre sua superfície, acariciando sua frieza. E é nessa fumaça que eu saio pelo pátio de automóveis até chegar à escada de uma OAB. Sento-me no último degrau, levado pela fumaça, desta vez do primeiro Marba da minha carreira. Lá está Poco Loco, Zé Preto, Kawasaky e Dodô, saindo no meio de mais uma balada pra cuspir na escada entre um cigarro e outro. Na próxima tragada, volto para o vidro, onde vejo meu rosto sendo agora acariciado à distância pela fumaça que insiste em sair. Giro o tunning da minha cabeça, mas dessa vez sem pular as estações evangélicas e outras podreiras do dial. Lembro-me de filmes heóicos nos quais nunca atuei, nem mesmo tentei o casting. Páro em algumas telas de cinema, mocinhas agarrando-se às mãos dos namorados enquanto luto contra Bruce Lee ou Bolo Yeung. Chato demais para um senhor que passou muito pouco perto de ser jovem ou velho. Saio das telas e caio no meio do interior bravo de SP: cinco minutos de bar e uma briga toma a cena. Cinco contra um é coisa de cuzão, mas dizem que o cara mereceu. Passeio por dias em uma terra de pouca gente e esperança. Conheço um primo que afirma ter perdido a linha, com carretel e tudo. Empregos "eigt-to-five", que paguem qualquer coisa, são o que há de se agarrar nessa vida. Reencontro um primo, outro, de minha idade, balconista de supermercado. Lembro-me dele brincando de trapezista com um rolo de serpentina, festa que durou até sua mãe mandar um pé de havaianas certeiro em sua boca. Hoje ele me diz que quer ser bombeiro, enquanto volto minha atenção e meu corpo para hoje. Sonho com sacoleiras e ônibus frios, sapateiros apressados em suas bicicletas fora da lei. Rolo na cama, pensando em mais um cigarro e sua fumaça que me carrega pelo ar..............

Ouvindo - Racionais MC´s 12 de Outubro

Tuesday, July 11, 2006

Passou pela minha cabeça matar mas eu não matei

Dois corvos bem pretos pousavam nos ramos altos do mato que tomavam posse da praça. Se existem corvos no Brasil? E em São Paulo? Foi bem o que eu me perguntei mesmo,mas não sabendo o nome deles, preferiu chamar de corvos mesmo. Depois de breve interrupção em seus pensamentos fixos e obstinados, continuou sua caminhada, ora firme, ora relutante. Era a primeira vez. E não fazia aquilo por fama, dinheiro, mulher e pó. Fazia porque era um legítimo preibói forgado, cansado de não saber mais o que pedir pro papai ou comprar com seu Amex Unlimited. Era isso mesmo, sede de aventura, sangue nos óio, ver qual era a reação deles, se teriam coragem de apagar pra sempre sua existência, mandá-lo pra casa do caraio. Racha não tinha mais graça, bater em traveco muito menos. Brigar com polícia já tá fora de moda, tem muito mais gente com muito mais talento pra isso. Continuou sua caminhada, estava a poucos metros do banco. Bem vestido, cabelo da moda, óculos grandes de armação grossa, como manda a muderrrnidade e passo largo. O oitão fora comprado há pouco lá na São Remo, na boca do Rogerinho. Duzentos e cinquenta contos e é claro que aproveitou pra pegar dois papel, um pra antes e um pra depois do trampo. Pediu licença, cheirou o papel inteiro, como de costume e saiu. Caralho, duzentos e cinquenta paus por um trinta e oito velho, de numeração raspada e duas balas? Duas balas?
- Se você precisar das duas você tá fodido. Aliás, se precisar de uma, tá fodido!*
O alvo era o Banco do Brasil e a hora era aquela. Pouca coisa passava por sua cabeça naquela hora: porque o Brasil saiu da Copa, será que minha mãe morre dessa vez, será que o carro novo saiu da concessionária? Olhou de relance para os corvos, como numa despedida silenciosa de duas espécies que se entendem sem pensar. Chegou na porta do estabelecimento e avistou o primeiro inimigo, uma guarda gorda, negra de dreadlocks nos cabelos. Iguais ao que tinha feito no último verão. Contou mais dois guardas, ambos no térreo. Ficou fitando e pensando em nada por uns bons minutos e rapidamente resolveu recuar. Não sabia ainda se queria matar e resolveu roletar o revólver, daí não seria culpa dele. Roleta russa, sabe como é? O cara deu azar de cair na vez dele. Olhou para o chão e viu lama em seus tênis. Não é de bom tom assaltar um banco com os pés sujos de lama, pensou, enquanto procurava uma poça d'água para limpar os pés. Agora era sério. Entrou na agência com cara de quem quer pagar uma continha, no máximo duas duplicatas. Encarou a giratória com esse espírito, imaginando a cena do guarda pedindo pra colocar na caixinha qualquer objeto metálico que estivesse portanto. Bullshit, a porta era uma merda e o seu companheiro passou juntinho com ele, preso na cintura da calça, nas costas, como sempre sonhou. Subiu o lance de escadas e entrou na fila, eram dezessete a sua frente. Esperou calmamente até chegar sua vez, observando um atendente em particular, meia idade, olhos azuis bebê e cabelos bastante grisalhos. Perfeito para um galã de novela das oitos, já que Tarcísio Meira e Antônio Fagundes enfim concordaram em fazer papéis adequados à idade. Filhos? Talvez quatro, duas meninas, esposa bonita e dedicada. Salário baixo, horas extras além da conta. Um homem comum, batalhador, que não mereceria aquilo.
Mas...E se? E se ele nem tivesse família? Ou se ele espia as filhas enquanto tomam banho pensando na amante que encontra todos os domingos na praça Bendito Calixto? E se ele for um dos meus? E se eu parar de pensar? Sentia um certo cagaço, enquanto o penúltimo homem a sua frente ouviu "próximo"! Foda-se. Era ele ou ele. Pediu em silêncio para alguém que o estivesse escutando que não fosse aquele caixa que o atendesse. Uma gota de suor rolava de sua testa, fazendo o peso e o barulho de uma bola de boliche. "Próximo"! Caralho, era ele. De cabelos grisalhos e tudo. Colocou a mão nas costas e fechou os olhos. Segurou o oitão, colocou o dedo no gatilho, nunca tinha pensado que fosse tão duro de apertar. Continuou de olhos fechados, segurou mais firme no gatilho e apertou. Clic. O caixa, com uma voz serena, só o que faltava para ser galã, continuou seu trabalho:
- Sua vez, senhor.
Abriu os olhos e disse "pois não", enquanto tirou o revólver da cinta, colocou diante da têmpora e apertou o gatilho. Era a sua vez na brincadeira e não teve medo de brincar.
Tiro. Barulho. Gritos.

* O Homem que Copiava

Ouvindo: Consciência X Atual - Contos do Crime - Grupo de rap de Ribeirão Preto. O título do post é o mote da música em questão

Thursday, July 06, 2006

Mais luz.....


E não é que as coisas começam a clarear?
Temos até leitora nova no blog, espero que apareça mais vezes.
Hoje rolou uma coisa que eu acho melhor que lasanha (Garfield rules): beijo na trave. Tem vezes que é melhor que beijo completo, até o final. Sei lá, dá a idéia de tentação, de que tem mais de onde saiu. E com beijo na trave é que tudo começou. Quem sabe se, com beijo na trave, tudo recomeçará?

Prometo ao papai do céu que os textos herméticos estão saindo de circulação, outfashion, demodê. Em breve presenciarão a volta de antigos personagens como Miguel, o incrível urso russo verde, Serginho, a viagem do Anão Cabeludo etc. E é claro que teremos novos personagens e suas histórias incríveis, chocantes e qualquer outro adjetivo que quiser colocar aqui.

Ouvindo: Timeless - Sergio Mendes (é o nome do álbum, são várias mixagens de música brasileira como "Mais que nada", "Bananeira não sei", etc com hip hop do mano do Bréc Ái Pis. Recomendo!

Wednesday, July 05, 2006

Fiat lux

Pois é, agora ficou branquinho. Claro e iluminado. O blog de uma leitora só. Assim sendo, posso usar o espaço só pra falar com ela. Será?

Cansei....

Cansei de te machucar. Parei. Foi demais e eu sei disso. Posso dizer que eu não queria tê-lo feito. Covardia? Sim. Então não falo que foi sem querer. Mas foi por querer? Foi? Sei lá, só quero dizer que parei. A mão que afaga é a mesma que bate. Cortei fora a parte que bate e vivo pensando em como afagar. E se você não quiser, eu não vou colar a parte que bate de volta. Guardo os afagos para um encontro futuro. Se você não quiser mais os beijos, guardo todos em uma caixinha e mando entregar na porta da sua casa. Quem sabe um dia você tropeça neles? E se não tropeçar, se eles não chegarem até você, que fiquem por lá mesmo, esperando um dono. Admiro sua raiva, um sentimento que eu queria ter mais em minha vida. Queria levar um tapa na cara pra acordar um pouquinho. E aliviar sua raiva. E quando a raiva passasse, tudo seria amor de novo. E se não passar? Pelo menos é melhor que a indiferença. Se você conseguir me matar de verdade nem faço BO nem coisa parecida. Justiça seja feita àqueles sem coração.

Ouvindo: AC/DC - Let there be rock

Tuesday, July 04, 2006

E o Rei passou por aqui, não é mesmo?

Pois é, não achava que o Rei me estimava tanto e que um dia ia me escrever. Mandem dizer ao Rei que eu responderei em breve a ela. Digam que descobri tudo sobre a música, já foi gravada, e faz tempo. Mas achei bonita mesmo assim. Mandem dizer que estou ainda pensativo, sem saber bem como fazer, mas que, em breve, sua resposta chegará. Onde estão os súditos de nosso Rei? Quem vai pagar uma de mensageiro? Preciso voltar pro meu videogame.

Ouvindo: Ramones - I wanna be sedated

Monday, July 03, 2006

Carta importante que acabei de receber agora há pouco

Tinha te prometido fazer uma música em nome dela. Já terminei a primeira estrofe. Mas preciso falar um pouco antes...Porra, bicho, fazia tanto tempo que a gente não se via que nem liguei muito pro que aconteceu no jogo. Faz tempo que eu parei com o futebol, assim como deixei de lado muitas outras coisas que eu gostava nessa vida. Mas assistir a Copa do Mundo com você não dava pra negar. Lembro como se fosse hoje o dia que você foi me ver no Pacaembu, era a minha volta triunfal e ver você, amigo, lá na beira de toda a ação e tirando fotos, foi algo que me tocou muito. Esquece a França, bicho, vai agora com força em busca daquilo que você sempre quis. Eu sei que a gente se engana, tenta convencer que nãoq uer mais isso, que nunca suportou aquilo outro, mas acho que no fim isso tudo é medo mesmo. Medo de mostrar quem somos, que somos fracos, às vezes, mesmo tendo sido forte em tantas outras. Você me contou quando fomos pra Santos, nossa primeira viagem juntos. Ao sol daquela estrada você disse que achava que não tinha mais forças, que seu coração não era mais o mesmo, que já tinha suportado coisas demais e que não tinha forças nem pra chorar. Pois é bicho, mas eu me lembro muito bem de como seus olhos brilhavam quando falava dela. Do quanto era linda, quanto te agradava e te amava. Do quanto ela te fazia feliz, da única fonte de carinho quase incondicional. Falou que ela era quem te fazia acordar, quem te dava vontade de almoçar e sair pra rua enfrentando o que viesse. Sim, você falou isso, e eu percebi que você sentia. Mas no último domingo eu te vi diferente. Seu olhar está mais perdido, busca em qualquer e todo lugar algo que perdeu e te faz falta. Eu sei que você finge que não, que está tudo ok. Mas eu vivi essa saudade por muito tempo da minha vida e, depois de tanta coisa, me dê a chance de um conselho: seja verdadeiro. Você só deve satisfação a você mesmo e as coisas que lhe competem só se realizarão quando você tiver os culhões de ir atrás. Eu mesmo perdi tanto tempo repelindo as pessoas, inventando desculpas como a cor da roupa ou vícios comuns que todos têm e, vê só, estou aqui, com você como meu quase único amigo. Pára com essa mania de jogar fora tudo o que te faz feliz. Vai lá buscar sua felicidade, acho que tudo tem explicação. Fala pra ela o quanto você errou, o quanto você cresceu e como você quer transformar tudo isso em felicidade. Explica pra ela que aquela flor foi o melhor presente do mundo, um balde de água gelada em cima do moribundo que rola na cama sem querer levantar. Fala pra ela que você ainda a ama. Mesmo que seja tarde demias. Mesmo que o tempo tenha criado um espaço instransponível entre vocês dois. Como dizia um amigo meu, tente outra vez. Se for tarde demais, paciência. Pelo menos tente mostrar seu amor, mostre pra ela o que você me mostrou no domingo, em meu show, e, se conseguir, mostre pra ela a pessoa que me conheceu nas curvas da estrada de Santos. Era isso que eu queria dizer pra você bicho. Siga em paz. Segue a primeira estrofe da música. Quando eu terminar, pode deixar que eu te mando.
"Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim"

RC

Ouvindo: Roberto Carlos - As curvas da estrada de Santos